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 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Out 27, 2007 8:21 pm

Mais um!

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Capítulo VIII: “Felicidade”


Acordou com o incessante tocar de um telefone. Mel moveu-se lentamente na sua cama de casal, coberta por lençóis escarlates, tentada a deixar o telefone tocar até à exaustão, para depois se virar e continuar a sonhar. Tocou uma, duas, três vezes quando, por fim, a jovem levantou um dos seus braços, antes por debaixo da almofada macia, pegando no auscultador, sem sequer se incomodar em tirar algumas madeixas de cabelo que cobriam o seu ouvido.

- Alô? – disse sonolentamente, bocejando logo em seguida. Ouviu uma voz animada do outro lado, que rapidamente associou ao único hiperactivo que tinha tido o prazer de conhecer.

- Ainda a dormir? Já te esqueceste que dia é hoje? – perguntava Bill do outro lado da linha, provavelmente falando do quarto ao fundo do corredor, aonde estava alojado.

À medida que ia gradualmente acordando, Mel tentou lembrar-se a que ele se referia. Bocejou novamente devido ao esforço exigido cedo demais. Entreabriu os olhos negros, fitando a cómoda de madeira aonde se encontrava o telefone. Permaneceu assim algum tempo, com um sono tal que já nem se recordava do que deveria estar a tentar lembrar-se. Bill, tão perto em todos os sentidos, esperava impacientemente pela sua resposta.

- Die zeit läuft, Mel! – exclamou ele, arrancando um pequeno riso da sonolenta rapariga. Espreguiçou-se ligeiramente, rolando o seu corpo de forma a mirar o tecto, afastando alguns cabelos da sua face.

- Desisto, Bill. Que há de tão especial hoje?

Quase que conseguia ver Bill revirando os olhos, à medida que sorria, quando disse:

- Ah, que hei-de fazer contigo…? – riu-se ligeiramente e acrescentou – A entrevista, Mel, a entrevista!

Fez-se luz na sua enevoada mente. Como se pudera esquecer? Dali a algumas horas, estaria pela primeira vez frente-a-frente com uma entrevistadora, que a daria a conhecer ao mundo. Tirariam também algumas fotos, para juntar à edição, o que, em parte, preocupava Mel, que não estava habituada a tal coisa.

- Pronto, Bill, já vou, já me estou a levantar e tudo – avisou, à medida que se enrolava ainda mais nos seus lençóis quentes. Ouviu Bill rir-se, provavelmente por já saber que ela era tão preguiçosa que muito dificilmente se estaria realmente a levantar. Seguido do riso de Bill, conseguiu apurar alguns estranhos ruídos, que depois se apercebeu serem devidos à troca de mãos que o telefone tinha sofrido. Um outra voz, mais grave, surgiu então no seu ouvido.

- Oh nanica, é assim, nós somos pessoas bastante ocupadas, e lá porque não tens mais nada para fazer a não ser ficar na cama, não quer dizer que tenhamos a mesma felicidade, por isso – Tom parou para respirar, depois de tão longa frase, para acrescentar apenas mais uma palavra -, levanta-te.

Mel revirou os olhos, divertida, já habituada a estas pequenas ‘lutas’ entre ela e Tom. Ambos tinham a língua afiada, e adoravam espicaçar-se, tornando aquilo quase como que um jogo diário, feito para passar o tempo de forma mais divertida.

- Para já, não sou eu que sou nanica, mas sim tu que és exageradamente alto – respondeu ela –, e não vejo exactamente que voto tens na matéria se passas o fim-de-semana todo enfiado na cama.

- É o que eu digo, o Bill trata-te melhor do que tu mereces – picou-a ele, deitando a língua de fora, apesar de ela não o poder ver – Vá princezinha, levanta-te. Já estamos atrasados.

- Sim, sim, já vou – repetiu ela, à medida que se começava a sentar na cama, cruzando as suas longas pernas, apoiando a sua mão livre por trás de si.

- Tens cinco minutos. Ou então, teremos problemas – ameaçou Tom, antes de desligar o telefone. Mel tirou o auscultador do seu ouvido, mirando-o na sua mão. Riu-se, abanando a cabeça, levantando-se finalmente da cama.

Detestava não ter a palavra final. E ele sabia bem disso.

---


- Bem, vamos às regras.

Estavam todos na limusina, viajando a uma velocidade constante, a uma dezena de minutos de distância do seu objectivo. Os cinco conversavam animadamente, até que Tom tinha pedido silêncio para poderem falar acerca da entrevista.

- É assim, tu – disse ele, apontando para a única rapariga ali presente – não dizes nada. Deixa que nós, os prós, falamos.

- Tom, corta nos filmes, a sério – respondeu ela, revirando os seus olhos negros – Mas agora a sério, que dicas me dão? Não quero fazer má figura…

- Isso não fazes de certeza – descansou-a Gustav, enquanto punha a sua mão no ombro dela – Apenas responde normalmente às perguntas. Devem ser todas acerca de ti, nada mais do que isso, provavelmente.
Mel não pareceu muito convencida, apesar de não ter dito mais nada.

- E quanto às fotos? Não estou nada habituada a coisas dessas – resmungou ela, olhando para todos.

- Bem, como a pessoa que melhor sai nas fotos, devo dizer-te que… - começou Bill, quando foi interrompido por uma súbita tosse de Tom, cujas tossidelas se assemelhavam muito à palavra Photoshop. Bill arqueou uma das suas sobrancelhas, tal como fazia em inúmeras fotografias.

- Photoshop? Sabes que és meu gémeo, certo? Tipo, igual a mim… – inquiriu ele, num tom de voz que se assemelhava muito ao tom de um adulto que quer explicar algo bastante óbvio a uma criança.

- Igual a ti? Eu? Não somos iguais em tudo. Digamos que tu não estás tão bem hum… equipado como eu… - respondeu ele pensativamente, provocando o riso em todos de tão estúpida que aquela conversa se estava a tornar.

- É duro ser-se o mais novo e, apesar disso, o mais maduro… - resmungou Bill, virando-se para Mel, sorrindo para a reconfortar, sabendo que as suas incertezas ainda não se tinham completamente dissipado. Porém, ela sabia que eles estariam ao seu lado independentemente de uma qualquer entrevista. Observou-os a todos, reflectindo profundamente.

Tinham-se passado duas semanas desde o episódio à entrada do hotel. Desde então, ela sentia-se muito mais livre do que a princípio, e tratava-os agora sempre com um sorriso verdadeiro, uma postura completamente oposta à sua inicial. Quando estava com eles, sentia como se lhe tivessem tirado um peso de cima das costas.

Viu os quatro rapazes na brincadeira, rindo-se das piadas que Tom continuava a lançar. Perdeu-se no seu pensamento, à medida que ia recordando a sua já algo longa estadia em Berlim. Encostou a sua cabeça ao vidro do carro uma vez mais, o pequeno baque chamando a atenção de Bill, cujo olhar se voltou para ela. Sorriu. Mel retribuiu-lhe o sorriso, aumentando o do rapaz.

“Sim,” pensou ela, à medida que o carro ia suavemente parando, “acho que posso chamar felicidade a isto…”

---


Uma palavra: filler xD

Comentem Wink
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeQua Out 31, 2007 10:35 pm

Im back ^^

N tenho comentado esta fic neste lindo forum mas coiso..

Adoro esta fic manaaa *.*
Tu és aqela base das fics meu deus. xDD

E deixas sempre em cada capitulo aqele "ratinho" da curiosidade..

Filler!?

Duvida
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Nov 10, 2007 11:38 pm

Depois de muito espremer, saiu um capítulo enorme... Devido ao facto, tive de o dividir em dois mais pequenos ^^' Peço desculpa ^^'

---


Capítulo IX – “Busca”


- E então que nos podem contar acerca do novo single?

Mel conservava-se em silêncio, apenas ouvindo e observando os quatro rapazes que iam respondendo às várias questões postas pela entrevistadora, à medida que olhou em volta, completamente horrorizada.

Ninguém a tinha avisado que iriam a um programa ao vivo.

Mordeu o seu lábio inferior, tentando acalmar-se um pouco. Sentia-se incomodada com câmaras apontadas a si, com perguntas sendo bombardeadas a cada minuto, com tantos olhos postos nela. Respirou fundo, chamando a atenção de Tom. Ele olhou-a curiosamente, sorrindo depois. Mel levantou as suas sobrancelhas em resposta, ambos quase que comunicando sem palavras.

- Bem, já falámos tanto do single, mas ainda não falámos acerca desta nova membro – começou a entrevistadora, mirando as suas folhas com as perguntas e informações – Mel, não é?

A rapariga apenas acenou com a cabeça, esboçando um leve sorriso.

- Antes de mais, parabéns por teres ganho o concurso. Conta-nos então como está a ser a tua estadia com os Tokio Hotel, se eles são melhores do que pensavas, piores…

Antes de começar a responder, conseguiu apurar um grito de uma fã histérica que tinha dito: “Melhores, claro! Bill!” e ainda outra que, logo em seguida, proclamava: “Tom!”. Os gémeos olharam para a plateia, divertidos mas no entanto habituados a este tipo de tratamento. Mel lembrou-se automaticamente das suas colegas de escola, que neste momento deveriam estar a ver aquele mesmo programa.

- Hum… Pode-se dizer que eles são muito melhores do que estava à espera… Diverti-me bastante com eles, além de ter adorado trabalhar no single, e com toda a gente envolvida neste projecto, e…

A entrevistadora acenava com a cabeça à medida que a jovem ia respondendo, enquanto que Mel não ousava olhar para outro lado a não ser para ela. Ia desenvolvendo a sua resposta, desconfortável por estar com aquela sensação desagradável que toma conta de alguém que está no centro das atenções.

O bombardeio de perguntas continuou, à medida que Mel se ia sentindo mais solta e menos nervosa. Além disso, os rapazes também a ajudavam, tal qual um mestre guia o seu estudante. Rapidamente, ela sentiu o seu nervoso miudinho esvair-se, dando lugar a uma boa sensação de conquista.

---


- Ah!

Mel lançou-se para cima do grande sofá castanho sem mesmo tirar o casaco negro que a ornava, inspirando profundamente, pegando numa pequena almofada que pôs mesmo por trás da sua cabeça. Relaxou um pouco, até sentir duas mãos nos seus quadris, que originaram um tropel de gargalhadas altas. Puxando a almofada para se defender, atirou-a mesmo em direcção a um chapéu que desaparecia por detrás da parede.

- Falhaste! – gozou Tom, aparecendo novamente naquela sala improvisada que tinham em cada quarto daquele hotel. Mel fitou-o com um olhar mortífero, que apenas fez com que Tom se risse ainda mais alto.

- Vá, deixa-a em paz. Ela até se portou bem hoje.

Gustav surgiu ao lado de Tom, sorrindo e segurando numa garrafa de refrigerante. Tom olhou-o de lado, enquanto que Mel sorriu, deitando a língua de fora ao gémeo loiro.

- Vês? Ele disse que eu me portei bem! – exclamou, enchendo o peito e levantando-se do sofá para se sentar numa cadeira mais perto deles.

- Sim, até te portaste bem… Quer dizer, podia ter sido melhor, não é, mas que se há-de fazer…? – brincou ele, fingindo estar a divagar, acção recompensada com um murro no braço dado por Mel. Tom, em resposta, despenteou-a toda, soltando os seus pequenos caracóis, e preparando-se para correr quando viu Mel começar a levantar-se.

- Olha, aproveita – enquanto falava, tirou a garrafa da mão de Gustav, e aí sim começou a correr, tentando escapar dele – e chama o Bill para irmos jantar!

A última parte da frase foi proferida já Tom estava no quarto escondido, enquanto que, por outro lado, Georg surgia na sala, revirando os olhos como quem pede por sossego. Ao ver o olhar estupefacto de Mel, sorriu.

- Pensei que já estivesses habituada por esta altura…

A jovem abanou a cabeça divertida, erguendo-se e abrindo a porta castanha. Antes de a fechar por trás de si, proferiu:

- Eles nunca deixam de me surpreender.

Sendo o sorriso de Georg a última coisa que mirou antes de cerrar a porta, a jovem começou a caminhar pelo corredor silencioso, enquanto saía para procurar pelo membro que faltava.

---


Peço desculpa por tão mau capítulo. Prometo que a 2.ª parte está waaay better ^^'

*protege-se dos tomates xD*
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Nov 11, 2007 5:44 pm

Tomates!?

Qais tomates qais qê filha!

[ah pois, é mana.. ]

Continuando, vocemecê merece é rosas
*.*

E qero o proximo capitulo rapido heim!?

xDD

BeijO. <3
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Nov 11, 2007 7:34 pm

Mais um para compensar o de ontem xD

Aviso: Maior. Capítulo. De sempre.

---


Capítulo X: “Amor”


Ouvia os seus passos ecoando no silêncio que se fazia sentir, único companheiro que teve até deixar o andar. Desceu até ao hall do hotel, tentando vislumbrar nem que fosse uma pequena madeixa negra. Perscrutou o ambiente à sua volta, suspirando quando finalmente concluiu que ele não se encontrava por ali.

Pousando as suas mãos na cintura, respirou fundo, o ar que saía dos seus lábios levantando algumas mechas de cabelo que voltaram a tombar sobre a sua face. Dirigiu-se até à porta, saindo por breves momentos do edifício, movendo a sua cabeça freneticamente, enquanto olhava para tudo o que era sítio. Caminhou um pouco em frente, certificando-se que Bill não se encontrava perto do corrimão daquela noite.

Bufou, aborrecida, coçando a cabeça e procurando por um súbito raio de luz que a guiasse para o caminho certo. Ajustando o casaco ao corpo, tossiu ligeiramente devido ao vento que fustigava insistentemente o seu rosto.

“Nunca mais chega o Verão… Detesto o frio!”, pensava para si, abrindo as enormes portas da entrada do hotel, agradecendo pelo calor que atingiu as suas bochechas rosadas do frio gélido que se fazia sentir fora. Continuou a sua busca pelo andar térreo da construção, passando pelo hall novamente, cruzando a sala de espera vazia, espreitando o restaurante apinhado, até se pondo em bicos dos pés enquanto espiava pela janela da cozinha. Sempre sem sucesso.

Voltou à recepção, descrevendo-o e tentando perguntar por ele, mas ninguém o tinha visto. E ela sabia que não era muito difícil reparar em alguém como ele.

Desanimada, retornou ao elevador, pressionando o botão distraidamente, absorta em pensamento. À medida que ia ocupando espaço nele, mirou o seu relógio. Tinha gasto imenso tempo à sua procura e sentia-se frustrada por não o achar. Batia com o pé impacientemente, à espera de que o ascensor atingisse o seu alvo.

Suspirou ao ouvir o som indicando que tinha chegado. Ao pousar o seu pé no soalho do corredor, sentiu um arrepio na espinha. Semicerrando os olhos, voltando-os para o lado oposto do corredor, tentou perceber de onde provinha aquele vento que tinha posto toda a sua pele eriçada.

O eco dos seus passos propagava-se pelo corredor, aquela pequena silhueta progredindo só. Apercebeu-se que, no fim do seu caminho, havia uma porta aberta de que nunca se apercebera. O vento advinha de lá.

Pondo as suas mãos dentro dos bolsos, entrou, deparando-se com um grande lance de escadas. Curiosa, começou a escalá-las, apoiando-se no corrimão cinzento enquanto o fazia. As escadas subiam em caracol, e pareciam lá estar somente para emergências. Foi subindo cada vez mais, já algo cansada e tonta, mas seguindo sempre o agradável assobio do vento que a hipnotizava, absorvendo-a para si.

Chegara ao topo. Uma porta entreaberta e pardacenta fitava-a, sentia o vento forte na sua face. Abriu a porta na sua totalidade, caminhando para fora e observando o panorama.

Em frente a si, jazia um espaçoso e vazio terraço iluminado apenas pela fraca luz lunar, misturada com alguns traços ténues da luz citadina. O enorme espaço estava apenas ocupado por uma alta antena negra, cuja sombra durante o dia devia engolir grande parte do sujo chão. E mesmo em frente a si, apenas um pouco afastado, Mel distinguia um vulto sentado no baixo muro que oferecia uma fraca protecção aos raros transeuntes que o visitavam.

O vulto encontrava-se pousado como uma leve pena à beira de um abismo. Com os braços lançados para trás, apoiados na fria laje, observava atentamente o mundo por debaixo dos seus pés baloiçantes, absorto em pensamento. O vento fustigante brincava violentamente com os seus cabelos soltos, forçando-os a seguirem a sua corrente. O silêncio era apenas quebrado por longos assobios, apesar da silhueta emanar uma tranquilidade fascinante.

Bill lembrava um anjo que queria provar que era imortal.

Mel mirou-o demoradamente, com medo de o interromper mas, acima de tudo, com medo de quebrar aquela visão algo enternecedora. Encostou o seu ombro à entrada do andar improvisado, cruzando os braços e apreciando aquela calma, tal qual como Bill.

Queria saber o que ia na sua mente, à medida que o viu inclinar-se um pouco para trás, o seu peito elevando-se enquanto sorvia um gole de ar. No entanto, em vez de o soltar normalmente, expeliu o ar pelos lábios, enchendo a noite com a sua límpida voz.

- Komm und rette mich, ich verbrenne innerlich

A voz calma de Bill fluía juntamente com o vento, que parecia ter acalmado por instantes apenas para escutar a suave melodia proveniente daquele grande terraço. O vento ajudava a espalhar a música, que chegava aos ouvidos de Mel docemente, arrepiando-a não por causa do frio, mas sim por causa da magia suscitada por aquela voz.

- Komm und rette mich, ich schaffs nicht ohne dich

Não resistiu. Fugindo do seu pouso, a morena iniciou igualmente a sua entonação, caminhando em passos leves até Bill.

- Komm und rette mich, rette mich

Parou perto dele, acocorando-se ao seu lado, um esplendoroso sorriso tomando conta dos lábios de ambos, à medida que acabavam o verso numa perfeita sintonia. Bill passou o seu dedo pelo nariz de Mel em jeito de cumprimento, enquanto Mel sorria, aproveitando para se sentar ao seu lado.

- Não sabia que tinhas tendências suicidas, Kaulitz – brincou Mel, posicionando-se tal como ele: sentada no frio muro, baloiçando as pernas no abismo logo abaixo.

- Não sabia que conhecias alguma música nossa, Klein - retrucou ele divertido, ajeitando-se no seu lugar, fitando a rapariga que se ria.

- Parece que ficámos a saber mais um pouco acerca um do outro, então – disse a rapariga, provocando o riso em ambos.

- Nem por isso – respondeu Bill, à medida que o seu olhar se deslocava novamente para o mundo abaixo de si -, eu não tenho tendências suicidas. Apenas gosto de lugares altos.

Mel sorriu, acompanhando o olhar do rapaz, mirando a cidade nocturna. As várias luzes amareladas provinham dos prédios circundantes, apesar de nenhum deles estar num nível tão alto como eles. Ocasionalmente, uma ou outra luz apagava-se, talvez um pai que, após ter lido uma qualquer história mágica, tivesse deixado o filho num outro mundo mais calmo, enquanto que ele próprio aproveitava para fazer o mesmo.

Por baixo desse mundo de sonhos, era ainda possível verificar muita actividade. Havia ainda quem estivesse a chegar agora a casa ou, pelo contrário, saísse apressada e ansiosamente dela, procurando um sítio onde pudesse desanuviar todos os problemas que o dia tinha trazido consigo.

Várias bicicletas ainda corriam velozmente pelas ruas, aproveitando aquela hora de trânsito mais calmo. Conseguia-se reparar nos pequenos sacos brancos que algumas ostentavam na parte de trás, pertencentes a quem não tinha tempo ou, se calhar, simplesmente não tinha paciência para fazer compras durante o horário do Sol.

Reparou ainda num rapaz que se tinha encostado há algum tempo à entrada de um edifício, olhando ocasionalmente para o seu pulso. Ouviu não muito nitidamente uma porta fechar-se, surgindo então uma rapariga agasalhada, que logo aceitou a mão que o rapaz lhe estendia. Juntos, começaram a correr em direcção ao fim da rua, rindo-se alto, como se o mundo apenas lhes pertencesse, até curvarem para um pequeno beco, desaparecendo então da vista de todos, para partilhar toda aquela alegria a sós.

Em cima do telhado, longe da vista dos transeuntes distraídos, Mel observava toda esta actividade extasiada, perguntando-se como nunca se tinha apercebido dela. Nunca tinha parado apenas para observar o mundo, e só agora se dava conta de como ele tinha tanto para contar.

- É algo inspirador, não?

Olhos pretos encontraram-se com claros. Bill observava-a, a sua cabeça meio inclinada para a direita, os lábios curvados num sorriso. O vento ainda corria braviamente, provavelmente despenteando-a, à medida que os cabelos lisos de Bill eram jogados para trás, completamente ao capricho da forte brisa.

- Sim… - respondeu simplesmente, tentando quebrar aquele poderoso olhar claro que a fitava, surpreendendo-se quando reparou que, simplesmente, não conseguia. Os olhos de Bill prendiam os seus, ambos olhando o mais fundo que conseguiam nos espelhos da alma de cada um, talvez até tentando vislumbrar, mesmo que por um segundo, o mais profundo espírito a que aqueles olhos pertenciam. Mel tentou falar, mas uma irritante paralisia tinha tomado posse de si, paralisia essa que parecia não ter tido qualquer efeito no seu coração, que cavalgava a uma velocidade veloz.

E tão inesperadamente como tinha começado, aquela sintonia fora abruptamente quebrada. O olhar de Bill tinha-se voltado para o céu pintado com algumas estrelas, deixando a dona do outro olhar confusa.

- Mel… - começou, sem nunca desviar o seu olhar – acreditas no destino?

A confusão de Mel apenas cresceu com aquela pergunta. Mirava Bill com um grande ponto de interrogação na expressão, tentando perceber a tão súbita – e algo inesperada – mudança de assunto.

- Hum… Nunca pensei nisso, mas acho que não. Não gosto da ideia de que tudo o que acontece comigo acontece simplesmente porque tem de acontecer.

- Mas nunca pensaste, quando conheceste alguém, que aquilo estava destinado a acontecer?

Mel tentava perceber aonde ele queria chegar com aquilo. Semicerrou as orbes pretas, observando o seu olhar sonhador, ainda voltado para as estrelas.

- Não, não posso dizer que já me tenha acontecido.

Bill suspirou, baixando a cabeça e abanando-a, sorrindo. Fitando os seus pés, baloiçou-os um pouco mais acertadamente, não tirando os olhos da rua.

- Já tiveste uma sensação de déjà vu?

- Acho que não – respondeu a rapariga, cada vez mais confusa -, e também não acredito muito nisso.

- Então não acreditas nas coisas por que ainda não passaste, certo?

- Hum… - Mel matutou por uns instantes, tentando ligar todas as suas respostas – Acho que se pode dizer isso. Além disso, acho que a maior parte dessas coisas relativas não são mais do que uma ilusão.

- Então o destino é uma ilusão para ti?

- Pode-se dizer que sim. Acho que não existe nada disso. São apenas mais algumas conjecturas de uma mente fértil qualquer.

Mel continuava a não perceber aonde Bill queria chegar com aquilo. Ele, por sua vez, não tinha retirado nem por um segundo os olhos dos seus pés. Não sabia se era por estar focada na conversa, mas o vento parecia ter acalmado desde que ela tinha começado. Já não ouvia aqueles insistentes assobios nos seus ouvidos e o cabelo de Bill já não ondulava tanto como antes.

O vento parecia ter parado com medo de os interromper.

- Mel - os olhos de Bill finalmente deixaram o solo, para se encontrarem novamente com os da jovem -, acreditas no amor?

Bill observava atentamente a expressão atarantada de Mel. Tinha sido apanhada completamente desprevenida daquela vez.

- Sei lá, Bill, que pergunta tão estranha!

- Achas mesmo…? – reforçou o jovem, perscrutando a fundo os olhos de Mel, que se conservou em silêncio por algum tempo. Quebrando o contacto com Bill, observou a rua, vendo o casal de antes retornar ao prédio, desta vez mais vagarosamente, para melhor aproveitar os últimos momentos juntos naquela madrugada. Despediram-se com um beijo demorado, e a rapariga acenou ao rapaz, antes de entrar para o seu lar.

- Vês ali? – perguntou Mel, apontando para a cena que se desenrolava perante os seus olhos. As orbes de Bill seguiram a direcção do seu dedo, observando então o rapaz a ir-se embora, desta vez só, andando pela rua praticamente vazia – Não acredito que aquilo seja amor. Provavelmente, daqui a umas semanas ele já vai estar com outra.

- Pode ser que não… - disse Bill, seguindo sempre o andar do rapaz, completamente alheio ao facto de que estava a ser uma espécie de objecto de estudo.

- Mas o mais provável é que sim – retrucou Mel – São jovens de mais para saber o que é o amor.

- Então só os velhos é que podem amar?

- Não é que seja isso. Mas, normalmente, os jovens não têm maturidade suficiente para possuir um sentimento tão forte, se é que me entendes.

- Mas então acreditas no amor – concluiu ele, sorrindo quando encontrou aquelas orbes pretas novamente.

- Pode-se dizer que sim… - divagou Mel, ainda absorta naquela pergunta.

- Mas nunca amaste, pois não?

- Em termos de atracção, não.

- Então porque é que acreditas nele? – questionou-a, com um sorriso ainda maior estampado na sua face. Mel riu-se. Estava mesmo a contradizer-se, não era?

- Digamos que é um caso à parte… Estás filosófico de mais para mim hoje! – exclamou, rindo-se com ele.

- Fico sempre assim quando me ponho a pensar de mais… É assim tão mau? – brincou, pondo as mãos na face, como que se escondendo de vergonha, suscitando o riso em Mel.

- Claro que não – respondeu Mel, enquanto retirava aquela máscara da face de Bill, segurando nas suas duas mãos e pousando-as no colo dele – Vá, agora é a minha vez. Já amaste?

- Ainda espero por esse dia… Mas acho que não está muito longe – disse sorrindo, afagando as mãos que o seguravam, à medida que via as bochechas de Mel ficaram mais rosadas. E ele acreditava que não era só por causa do frio.

- Quem sabe o meu também esteja mais perto do que eu pensava…

Mel baixou o olhar, e fitou as quatro mãos entrelaçadas, brincando com as que não lhe pertenciam, tentando esconder o rubor que cada vez mais transparecia na sua face. O vento, que há tanto tempo parecia esperar que a conversa deles finalmente acabasse, recomeçou a sua correria, apesar de a fazer mais ligeiramente. Por baixo deles, a cidade parecia ter, por fim, adormecido, assim como a maior parte de todos os seus habitantes. As poucas luzes ainda acesas misturavam-se com a proveniente da Lua, que parecia um pequeno sorriso por cima do casal.

Sentiam-se os donos daquela noite.

- Mel…

A rapariga abriu os olhos, vendo por debaixo de si Bill, que se tinha enfiado na pequena toca que o seu corpo dobrado tinha formado. Observando-o de tão perto, sentiu o seu coração voltar a disparar.

- Diz – pediu ela, tombando a sua cabeça de lado.

- Tenho frio – disse ele, parecendo uma pequena criança quando o fez.
Mel riu-se, voltando à sua posição normal, Bill imitando aquele movimento.

- Queres voltar lá para dentro? – perguntou ela, apontando para a saída atrás de si.

- Nem por isso… – respondeu ele, abanando a sua cabeça face aquela ideia – Mas continuo com frio.

- Vem cá.

Bill aconchegou-se a Mel, enquanto que ela passou o seu braço por trás das costas dele, apertando-o contra si.

- Melhor? – questionou-o, sentindo Bill chegar-se ainda mais a ela, enquanto ela descansava a sua cabeça no magro ombro dele. Permaneceram assim, abraçados, aquecendo-se um ao outro.

- Muito melhor.

- O Tom vai matar-me por estar a demorar tanto – queixou-se Mel, observando o céu estrelado por cima de si.

- Deixa lá… – disse Bill, afagando os seus caracóis despenteados – Vai matar-nos aos dois.

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSex Nov 30, 2007 8:54 pm

Esta fantastico onee chan *.*
=)
Espero pelo proximo .. ! Very Happy
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSex Nov 30, 2007 9:50 pm

GO MANINHA
GO MANINHA.

^^

WOwo
woWO.

^^

AMAZING.
Inda nao tinha comentado este cap here but is simply p.e.r.f.e.c.t
És aqele sucesso em fics qe é uma base.. ^^

Hope que o 'bloqeio' passe depressa..
É qe é mt viciante e ja tou cm muitá sodade de ler Sad

Muahh*
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Dez 01, 2007 3:09 am

Ohhhhh shinny!!
Tu escreves mesmo bem!!! Já para não falar da história em si!
É deveras espetacular, deixa me dizer que estou a gostar muito de ler a tua fic.
=3
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Dez 23, 2007 10:01 pm

---


Capítulo XI: “Irmão”


Um cauteloso pássaro acabara de pousar no parapeito exterior da janela, saltando e rodando ligeiramente para fitar o movimento abaixo de si. Observou-o curiosamente, antes de se voltar para trás, como que se mirando naquele improvisado espelho, inclinando a sua castanha cabeça para a direita, como que inspeccionando uma morena sonolenta que conseguia ver para além daquela barreira de vidro. Dando uma última olhadela, pulou do seu poiso, iniciando então um vôo majestosamente insignificante, passando despercebido aos olhos dos transeuntes por baixo de si.

Mel tinha acabado de acordar. Com as mãos por debaixo da sua macia almofada, apertando-a suavemente contra os seus cabelos negros, pensava na pequena criatura que tinha estado a observar há algum tempo, os seus pensamentos ainda completamente enevoados pelo despertar matinal.

Puxou os cobertores mais para cima, tentando manter aquele agradável quente do seu corpo envolvido nos lençóis, não deixando qualquer fuga por onde ele pudesse escapar. Os seus olhos mantinham-se fixos no local onde o castanho pássaro tinha descansado por breves momentos, apesar de os seus pensamentos estarem num local completamente diferente, focados na noite anterior.

Não se lembrava de ter voltado para o seu quarto. Recordava apenas a estranhamente agradável conversa que tivera com Bill, quando os dois se tinham perdido em pensamento face à nocturna vida que tão profundamente tinham inspeccionado. Sorriu ao lembrar-se de todo o desenrolar daquela noite, sentindo-se corar e agradecendo por o pequeno pássaro já não o poder testemunhar.

O tempo que tinha gasto naquele telhado era-lhe uma incógnita. Pareciam-lhe meros minutos, nos quais tinha reflectido muito mais do que em muitas horas da sua vida. Ainda não conseguia acreditar realmente que tinha passado por tudo aquilo. Receava até que tudo não tivesse passado de um ingénuo sonho.

Suspirou, mexendo-se ligeiramente por debaixo dos lençóis, rebolando para o lado oposto da janela, de onde provinha já algum ruído da actividade diurna. Fechou um pouco os olhos, enquanto bocejava inaudivelmente, afastando alguns cabelos da sua cara. Aconchegou-se um pouco mais à almofada alva, olhando por fim para a cómoda ao seu lado, onde havia um acanhado relógio digital, cujas letras vermelhas ressaltavam no quarto pouco iluminado. Qual não foi o seu espanto quando viu, apoiado fragilmente ao relógio, um pequeno cartão azul claro, onde conseguia distiguir a letra inclinada de Bill.

“Danke pela noite passada! A tua companhia foi-me imprescendível. O dia aproxima-se a uma velocidade astronómica...
Daquele que também acredita no amor.
P.S.: És mais leve do que pareces.”


Sentiu todo o seu sono dissipar-se. Abandonou a sua posição horizontal, à medida que se sentou, puxando o cartão para si. As orbes encontravam-se arregaladas, à medida que liam e reliam o cartão. Sorvia todo o seu conteúdo, sentindo-o ferver dentro de si, impulsionando todo o seu coração e bombeando sangue directamente para a sua face.

E o que quereria ele dizer com “És mais leve do que pareces.”? Por muito que se tentasse lembrar, não conseguia perceber o porquê daquela frase. Teria de perguntar-lhe, inevitavelmente.

Relaxou as suas orbes negras por momentos, soltando-se para trás, deitando-se novamente de costas na cama desarrumada. Com os cabelos desalinhados à volta da sua cara, levou o cartão ao peito, fechando mais uma vez os olhos, e inspirando profundamente.

Se isto era um sonho, queria apenas dormir durante toda a eternidade.

---


Bateu levemente à porta castanha, abrindo-a de seguida sem esperar resposta. Espreitou curiosamente antes de entrar para o quarto dos gémeos, o bilhete anil na sua mão firme. O olhar castanho focado na televisão virou-se na sua direcção, à medida que os seus lábios se curvaram num sorriso.

- Bom dia, Mel.

Ela sorriu de volta, entrando finalmente no quarto. Olhou em volta rapidamente. A porta do quarto-de-banho estava aberta e sentiu um bafo quente quando passou à sua frente. Pensou que era provavelmente porque alguém tinha acabado de o usar, julgando pelo cheiro de perfume que captou, assim como a água que pingava do chuveiro. As imagens coloridas da televisão corriam apressadamente, transmitindo uma corrida de carros qualquer, onde conseguia distinguir apenas os ruídos característicos dos motores. E, num sofá, quase deitadas, duas orbes doces fitavam-na, algo ensonadas.

- Bom dia, Tom. – Mel acomodou-se ao seu lado, tendo o cuidado de esconder o cartão por baixo de si. - Estás sozinho?

- Yap, - respondeu, aproveitando para se acomodar no seu colo. – O Bill saiu de manhã cedo. Disse que tinha “coisas para fazer” - explicou, simulando as aspas com os dedos.

- Hum...

Mel virou os seus olhos para a televisão, assistindo com desinteresse à corrida. Via agora um carro preto ultrapassar um branco a uma velocidade incrível. No entanto, Tom parecia ter perdido o interesse pela televisão, não desviando o olhar de Mel.

- Ontem o Bill voltou bastante tarde... Onde é que estiveram?

Sem desviar a atenção do ecrã, ela retrucou simplesmente:

- Estive à procura dele.

Tom arqueou uma das suas sobrancelhas.

- Até às três da manhã? – perguntou incrédulo. Mel apenas anuiu. – Mel...

Desviou finalmente o seu olhar negro, de forma a encontrar o penetrante de Tom.

- Que foi? – inquiriu, vendo que ele não concluía a frase.

- Diz-me lá o que há entre vocês. O Bill não me diz nada! – disse amuado, levantando a sua cabeça de forma a os dois se poderem fitar ao mesmo nível. – É a primeira vez que ele me esconde algo. Não estou habituado.

Acabou o discurso desviando os seus olhos dos de Mel, quase que como envergonhado. Mel suspirou, ajeitando a sua posição no sofá. Pegou no queixo dele, forçando-o a voltar a mirá-la.

- Tom - disse, fitando a surpresa expressão dele –, se houvesse algo entre nós, eu dir-te-ia. Mas não há... – e um pouco mais baixo, acrescentou – Pelo menos por enquanto...

Os olhos de Tom abriram-se, enquanto que um sorriso maroto tomou conta dos seus lábios.

- Toda a gente cai sempre quando faço a minha cara de envergonhado! – riu-se, ganhando um murro no braço vindo de Mel. – Agora a sério, vocês gostam um do outro?

- Não sei... – respondeu Mel corando, fitando uma pequena escrivaninha cheia de revistas desarrumadas. O sorriso de Tom aumentou.

- A Mel gosta do Bill, a Mel gosta do Biiill! – cantarolou como uma criança pequena, um pouco mais desafinado do que o irmão, batendo palmas feliz, juntando mais um murro à sua colecção. Fingiu-se de chateado. – Não achas que já chega?

A única resposta que obteve foi um espetar de língua. Riu-se.

- Mas sabes - começou ele, sentando-se finalmente -, acho que ele sente o mesmo por ti.

A face dela moldou-se numa expressão surpreendida.

- Como sabes?

Sorrindo, ele colocou o seu dedo indicador um pouco mais acima da sua face, piscando o olho, dizendo simplesmente:

- Intuição de gémeos.

Tom levantou-se então, ajeitando as suas largas roupas e o boné preto que tinha na cabeça, virando-se para trás, mirando a rapariga sentada. Esticou a sua mão aberta na direcção dela, tombando a sua cabeça de lado.

- Vamos então ter com ele?

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Dez 29, 2007 9:09 am

'ajeitanto as largas roupas' xDD
Bates o recorde em tudo, miuda !
Fic linda, escreves bem, fizeste o maior cap que eu já li... continua !!

*
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Dez 29, 2007 7:37 pm

Aviso: Mega capítulo. *-*

---
Capítulo XII: “Parceiro”


Andavam os dois lado a lado, Tom com as mãos nos bolsos das calças, óculos-de-sol cobrindo quase toda a sua face e Mel com os braços baloiçando ao longo do seu corpo com cada passo que dava, os cabelos pretos soltos. Esperaram num semáforo, avançando quando o rubi se tornou esmeralda, seguindo pelo passeio, silenciosos, calcando o chão ligeiramente sujo. Mel observou um papel inicialmente branco mas agora com a sua cor desbotada esvoaçar um pouco mais à frente, sem nunca saber do que o papel tratava, já que Tom tinha curvado para a direita e ela simplesmente o seguiu.

- Hum... – começou ela, captando a atenção de Tom que ia ligeiramente mais à frente, abrandando para se encontrarem novamente. - Aonde vamos?

Tom sorriu, olhando para a frente, prestando atenção ao caminho.

- Vamos procurar o meu irmãozinho, claro - respondeu, tirando então as mãos dos bolsos, espreguiçando-as à sua frente. – E que melhor sítio para o fazer que o centro de Berlim? Ele adora vir para aqui. Normalmente, ele senta-se num canto qualquer e fica lá a olhar para o vazio.

Mel não disse mais nada, simplesmente acompanhando Tom, os olhos atentos a qualquer sombra que se assemelhasse ao vocalista da banda. Caminharam durante algum tempo, passando por uma rua que quase parecia completamente espelhada devido à enorme quantidade de lojas que espreitavam por debaixo dos prédios. Os seus olhares vaguearam por momentos pelas montras, mais por hábito do que por necessidade.

O passo de Tom abrandou por instantes, à medida que ele parou em frente a uma loja que vendia apenas bonés. Os seus olhos estavam presos num em específico, um bastante simples, preto em cor e sem grandes adornos. Mel, quando se apercebeu de que ele tinha ficado para trás, voltou-se, posicionando-se mesmo ao seu lado, à medida que ele apoiou o seu braço no ombro dela, tal como se ela fosse um encosto.

- Olha aquele – mostrou, apontando para o boné que tinha estado a namorar. – Vou comprá-lo.

A rapariga que o acompanhava revirou os olhos, sorrindo de seguida, afastando o braço que pesava no seu ombro. Seguindo-o com o olhar, viu-o entrar na loja, chamando uma jovem rapariga que provavelmente trabalhava lá. Apontou para o acessório que desejava, acenando para Mel através do vidro, recebendo uma língua de fora como resposta. Cruzou os braços enquanto esperava que ele pagasse, murmurando um ‘finalmente’ quando ele se juntou a ela.

- Podemos focar-nos no que interessa agora? – perguntou, à medida que Tom pôs o seu braço em cima do seu ombro.

- Nanica, aprende uma coisa – disse, puxando alguns dos caracóis que tinha mesmo ao lado da sua mão. – O Bill esconde-se bem. Berlim é grande. Logo, vamos demorar bastante tempo até o encontrarmos. Tenho de me distrair de alguma forma.

Recebeu apenas um suspiro como resposta, sorrindo ao ver a expressão desnorteada da jovem. E seguiram assim, braços apoiados no companheiro, ritmo pouco apressado, dando um passo de cada vez. Por cima deles, o estranho Sol iluminava a cidade sem a aquecer, funcionando apenas para eliminar o forte vento que se tinha feito sentir nos últimos dias.

Ao menos, todas as condições estavam reunidas para tornar aquela busca minimamente prazerosa.

---


- Tooom – chamou Mel, batendo ligeiramente com a sua cabeça no peito do jovem que a segurava. – Doem-me os pés.

Olhou para baixo, ouvindo o queixume, desviando os seus olhos à procura de um sítio para descansar. Viu, um pouco mais ao longe, alguns toldos brancos pertencentes a um pequeno café, provavelmente cheio com algumas pessoas que se tinham deslocado até lá para lanchar naquele meio de tarde.

- Lugar para descansar às 12 horas.

Mel seguiu com o olhar o dedo esticado de Tom, respirando de alívio quando viu aquele tão acolhedor local, se bem que, para ela, naquele momento, qualquer local que tivesse cadeiras lhe parecesse extremamente óptimo. Quase a saltitar, foram até lá, entrando calma mas algo ruidosamente. Mel sentou-se no primeiro sítio que viu livre, arrastando os pés da cadeira pelo chão, pousando nela rapidamente, suspirando de alívio quando levantou os calcanhares e libertou os pés das sandálias que tinha postas.

- Isso está mesmo mau – notou Tom, olhando curiosamente para ela.

- Estivemos o dia todo atrás dele – reclamou, massajando os seus membros doridos. – Onde será que ele se meteu?

Tom não respondeu, tomando aquela pergunta como uma de retórica. Olhou em volta, tentando averiguar se era seguro remover os óculos-de-sol que tinha postos. Não vendo nenhuma adolescente por perto, resolveu arriscar, pousando-os na mesa onde se encontravam instalados. Só então pegou na folha plastificada que tinha tido em frente a si todo aquele tempo, escrutinando-a à procura de algo que preenchesse o vazio que sentia no estômago.

- Ah.

Mel largou os seus tornozelos, focando-se então, tal como Tom, na sua escolha. Este, por sua vez, tinha os seus olhos pregados nela, esperando pela justificação da sua interjeição.

- Hoje é por minha conta – garantiu sorrindo, arrancando outro sorriso do guitarrista.

- Que cavalheirismo! – gozou, rindo-se com ela.

- Que vais beber? – perguntou, revirando a folha na sua mão, passando os seus olhos rapidamente por ela, procurando uma mesma resposta para si.

- Coca-cola.

- E que não fosse – disse sorrindo, erguendo então o seu pequeno braço para chamar o empregado. No entanto, ela passou despercebida ao atarefado rapaz. Ergueu uma sobrancelha, vendo o maroto sorriso de Tom despontar nos seus lábios. Foi então a vez dele levantar o seu braço, dizendo um pequeno ‘por favor’ para recair a atenção sobre si.

- És mesmo nanica – gozou antes do rapaz chegar perto deles, caneta na mão e um bloco de notas noutra. Recebeu apenas um pequeno murmúrio como resposta:

- Cala-te.
---


Suspirou, desligando a segunda chamada que fazia naquela tarde. Pelo olhar que lançou a Mel, ela apercebeu-se rapidamente das palavras que se seguiriam.

- Ele não atende o telefone – informou-a, inclinando-se um pouco para trás, tentando ficar mais confortável -, e os rapazes dizem que ele ainda não voltou.

Mel mirou o seu café quase acabado, mexendo nele com a ajuda de uma pequena colher. Passar o dia atrás de Bill não era bem o que tinha em mente para aquela tarde, e tinha quase a certeza que Tom deveria ter melhores planos do que aquele.

- Desculpa – murmurou num tom quase imperceptível, recebendo como resposta um simples arquear de sobrancelhas.

- Não peças. A culpa não é tua.

- Mas deves estar farto de estar à procura dele, não? – perguntou-lhe, fazendo com que Tom se risse.

- Nem imaginas quantas vezes tive de fazer isto. Mas sempre é melhor tendo companhia – disse sorrindo, fazendo com que Mel fizesse o mesmo. – Mesmo que seja de uma nanica como tu.

Riram-se. Ela sabia que Tom não conseguia dizer nada de simpático sem depois acrescentar uma malvada observação. Sussurrou um pequeno ‘obrigada’, ao que ele simplesmente sorriu. Vendo que Mel tinha finalmente acabado a sua bebida, Tom disse:

- Vamos então acabar a nossa busca.

Levantaram-se os dois, desta vez já não arrastando tanto as cadeiras, e dirigiram-se à saída onde, um pouco antes, tinham de pagar o que tinham consumido. Mel começou a preparar a carteira, mas quando chegou lá já Tom tirava da sua uma nota de cinco euros para pagar. Olhou-o de cima a baixo, como que tentando penetrá-lo com o seu olhar.

- Eu é que ia pagar – disse-lhe. Tom mirou-a de cima, pousando uma mão no seu ombro, falando pausadamente, como um professor que explica ao seu aluno uma dúvida.

- Estou a ser cavalheiro uma vez na vida. Não reclames e apenas agradece por poderes presenciar este momento único.

Mel riu-se, concordando com ele. Tom recebeu o troco, agradecendo como um menino educado, pegando nos óculos-de-sol e colocando-os novamente na face, à medida que saíram e se depararam com a rua novamente.

Vendo a enorme rua, apenas uma das muitas por onde já tinham passado naquele dia, Mel deu um profundo suspiro. Retomaram a marcha, descendo o caminho asfaltado, várias pessoas passando ao lado deles, completamente alheias aos seus olhos atentos apesar de cansados.

Passaram-se algumas dezenas de minutos e nem sinal de cabelos pretos e muito menos de pretos ornados com branco. Tom já conservava os seus olhos no chão, balouçando o saco com o seu item mais recente de um lado, apoiado em Mel do outro. Ela, por sua vez, ainda percorria o espaço circundante decidida a encontrar Bill, apesar de o cansaço já se começar a apoderar dela. Sentia o Sol da tarde aquecer a sua cabeça, já algo quente de tanto andar ao relento.

- Tom – chamou. Ele subiu a sua face até encontrar os olhos negros de Mel.

- Sim?

- Vai para casa – aconselhou, vendo que ele se encontrava ainda mais cansado do que ela. – Eu continuo à procura dele, mas é melhor ires. Assim se ele for para lá, é só avisares-me.

Tom contemplou a rua em frente a si, pensando seriamente em acatar aquela sugestão. No exacto momento em que uma carrinha branca passou ao seu lado, parou no meio do passeio, virando-se para Mel, que imitou o seu gesto.

- Acho que vou mesmo fazer isso... – afirmou, baixando os óculos-de-sol para poder ver melhor a face de Mel. – E além disso, acho que o Bill preferia que o encontrasses sozinha.

Mel corou, ao que passo que Tom sorriu. Passou a mão dele pelos caracóis dela em jeito de despedida, tirando-a rapidamente quando sentiu o quente calor tomar conta dela. Isso fê-lo dar uma alça do saco que tinha em sua posse a Mel, que o fitou confusa. Puxou a outra alça, abrindo espaço suficiente para o boné que tinha comprado poder passar. Pegou nele e colocou-o quase de maneira profissional em cima dos cachos pretos de Mel. Deu alguns passos para trás, e mirou o seu colossal trabalho.

- E não é que não fica mal? – riu-se novamente, pegando no saco vazio mas voltando a segurá-lo ao seu lado, apesar de já não conter nada.

Mel tinha ficado sem reacção. Tom não sabia, mas aquele simples gesto significava imenso para ela. Os seus sonhos de pequena voltaram à sua memória, mais vívidos do que nunca. Lembrou-se daqueles momentos em que, completamente sozinha, fitava quem tinha pelo menos mais um companheiro em quem podia contar, desejando apenas um alguém que, simplesmente, ficasse ao seu lado nas noites frias que tinha de aguentar.

Nunca imaginou que o seu sonho algum dia se concretizasse.

Viu a mão de Tom mover-se de um lado para o outro em frente aos seus olhos, como que querendo-a acordar de um transe. Mel piscou os olhos várias vezes ao dar-se conta que tinha entrado em nirvana, enquanto que os lábios de Tom se curvaram num sorriso ao ver a sua atrapalhação.

- Vê lá se o encontras – pediu, começando a andar para trás de costas, sem quebrar o contacto visual entre eles. – E desta vez, vejam se chegam a casa a horas.

Sem esperar resposta, virou-se e começou a correr em direcção ao caminho mais curto de volta ao hotel. As orbes pretas acompanharam-no até ele desaparecer de vista. Levou as mãos à cabeça, sentindo o tecido novo por baixo dos seus dedos. Não conseguiu evitar sorrir. Girou nos seus calcanhares, voltando-se para a descida em frente a si.

Rebuscou os bolsos das suas calças de ganga, extraindo o bilhete anil que tinha encontrado nessa mesma manhã ao lado da sua cama de hotel. Leu-o outra vez, sempre descendo a rua, as palavras lá escritas nunca perdendo a magia de conseguir pintar um sorriso na sua boca. A já enorme vontade de o voltar a ver cresceu ainda mais, enquanto que baixava o bilhete, segurando-o firmemente na sua mão fechada, que descansava junto ao seu peito. Olhou à sua volta, e abanou a cabeça, sorrindo com aqueles pensamentos.

Berlim já não lhe parecia assim tão grande.

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Dez 30, 2007 2:49 am

adoro mesmo a maneira que escreves, apesar de ser demasiado profissional para mim xD.

tenho a sensação....que o Tom e ela sentem algo um pelo outro mas não sabem ! hmmm.
posta rápido *.*
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSeg Dez 31, 2007 7:56 pm

Tive a re-ler os cap. ! :')
Gosh, parceira !
Como tu escreves !

Amo-te, sabes ? *-*
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSeg Dez 31, 2007 11:31 pm

O comentário em cima disse tudo.

é tão bom reler e deparar com esta escrita BOUAH!
Já te disse que vais receber um prémio nobel!?
mas tu és pessimista (chama-lhe realista -.-) e prontos.

Deixa a Pita sonhar, é quando não está em Dark-Side On xD

Já sabes o que realmente acho dos rabiscos que escreves =)
Quero mais e chatear-te-ei sempre xD

e também gosto de si, por isso tens sorte =33

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSex Jan 04, 2008 12:10 am

Capítulo XIII: “Bolso”


Encostou-se à parede algo suja, deslizando o seu corpo por ela até atingir o chão não muito mais limpo. Suspirou profundamente, olhando para o céu que começava gradualmente a escurecer, o Sol mudando de turno, abrindo passagem aos sóis mais pequenos. Via vários carros passarem em frente a ela, alheios à sua presença. O mesmo se passava com os habitantes de Berlim, que caminhavam apressadamente, sem respirar, em direcção aos seus lares, olhares presos ao chão, atentos apenas aos seus próprios passos.

Apenas observava aquele frenético movimento, sem forças para mais. Expirou, soltando resmungos baixos, o cansaço presente na sua voz. Apertou o bilhete na sua mão, ainda não completamente vencida. Os seus olhos percorreram toda a rua que tinha à sua frente, ainda com uma réstia de esperança de o encontrar. Sem sorte.

No entanto, tinha dentro de si uma fraca chama que se recusava a ser soprada.

Levantou-se devagar, sacudindo a poeira da roupa. Invejando quem passava do outro lado da rua montado em bicicletas, retomou a sua busca, apesar de se sentir algo perdida. Seguiu pela rua principal onde se encontrava, algo camuflada na multidão, a sua altura ajudando a que isso acontecesse.

À medida que a rua se foi enchendo de pessoas saindo dos seus ofícios, Mel sentiu-se cada vez mais pequena e mal conseguia ver por onde ia. Depois de algum tempo à deriva, conseguiu captar um pequeno desvio que levava a um caminho secundário, de onde viu um jovem sair segurando numa bicicleta preta, que logo montou, seguindo para a faixa que lhe pertencia.

Seguiu por aquele caminho que se tinha aberto diante de si, desejosa de se ver livre de toda aquela multidão que a rodeava. Encostou-se à parede novamente, soltando um suspiro, quase um de alívio. Olhou em volta.

Encontrava-se numa rua algo escura, iluminada apenas por alguns aleatórios candeeiros, assim como pelas luzes que provinham das casas circundantes. Essas mesmas casas eram quase todas moradias, apesar de haver um ou outro prédio, mas todos baixos de modo a respeitar a privacidade dos vizinhos. Viu que aquele troço era relativamente curto, terminando numa rotunda, onde não havia outra solução senão voltar para trás, formando assim um caminho sem saída.

A rotunda, por outro lado, era bastante grande, já que toda ela tinha sido aproveitada e, em vez de ostentar apenas alguns elementos estéticos para a embelezar, formava um parque infantil, àquela hora completamente deserto. Mel conseguia até imaginar várias criancinhas brincando ali à tarde, pulando do escorrega para os baloiços, rindo e correndo com os amigos, enquanto que as mães conversavam com as vizinhas, sentadas nos bancos de madeira, avisando para não correrem tanto e terem cuidado, mas no fundo aproveitando os últimos raios solares antes de voltarem para dentro de casa para preparar o jantar para toda a família. Não conseguiu evitar sorrir face à cena que tinha em pensamento.

São sempre os momentos mais singelos que melhor gravados ficam nas nossas mentes.

Aquele parquezinho lembrava-a do seu passado, pois sempre observara um em específico na sua cidade. Gostava de fitar, simplesmente, as crianças a brincar, felizes e sem preocupações, desejando secretamente voltar a ter a idade deles para também poder ser assim: livre e sem nenhuma consciência do mundo que a rodeava diariamente.

Quase que as invejava, elas tão inocentes e tão simples, sem saber que essa simplicidade, com o tempo, se desvaneceria, morrendo tal e qual como uma planta sedenta no Verão. Admirava o mais pequeno gesto que presenciava, muitos dos quais passando despercebidos a quem também os via. Empurrar alguém desconhecido no baloiço, falar risonhamente com tudo e todos, observar curiosamente a mais pequena diferença, partilhá-la com o mundo... Esticar a mão a alguém que, no meio de toda aquela alegria, caiu e começou a chorar.

O mundo realmente seria melhor se todos nós conseguíssemos fazer o mesmo, não?

Sorriu tristemente com aqueles pensamentos, abanando de seguida a sua cabeça para os afastar. Olhou para a saída daquela rua, mirando o êxtase que ainda corria na adjacente. Parecia estar no limiar que separava dois mundos bastante distintos, apenas desejando que eles, de alguma forma, se misturassem, apaziguando um pouco aquele frenesim em que vivia.

Soltou-se da parede aonde se tinha encostado, começando a penetrar mais naquela calma que tinha descoberto. Caminhou lentamente, observando as várias moradias, imaginando para cada uma história, todas elas terminando com bonitos finais felizes, quase desejando o mesmo para si.

Não se via ninguém por ali, apesar de, dentro de algumas casas, se registar movimento, ouvindo-se por vezes uma ou outra publicidade saindo de uma televisão cujo volume se encontrava alto. O parque encontrava-se cada vez mais perto do seu alcance, envolto em certas partes por breu, bastante mal iluminado.

À medida que se aproximava, conseguia distinguir o barulho de metal, que se repetia ritmado, quase que como uma onda no seu ir e vir. Curiosa, calcou o passeio com as mãos nos bolsos, semicerrando os olhos e apurando os ouvidos, seguindo aquele som e, ao mesmo tempo, tentando ver o que o provocava. A resposta chegou rapidamente.

Em frente a si, ainda um pouco longe, encontrava-se um largo escorrega verde-escuro, preso ao chão relvado e bem aparado. Ao lado dele, era possível vislumbrar vários balancés pousados, descansando de todas as crianças que tinham aguentado naquele dia. À volta do parque, mas ainda por dentro, via-se alguns bancos de madeira pintalgados aleatoriamente e parecendo abandonados. E mesmo no meio do parque estava a fonte daquele barulho que a tinha atraído até ali. Uma trave de metal servia de apoio a dois baloiços um pouco velhos, um deles balançando e ao mesmo tempo chiando, formando um som rítmico e repetitivo.

E sentado nele, completamente absorto, estava aquele alguém que tinha passado a tarde a procurar.

Escrevendo num bloco que tinha no colo, Bill esticava e encolhia as pernas, balançando-se ligeiramente, movendo o baloiço de tal forma que parecia que uma inexistente brisa o empurrava. A sua mão percorria o papel, manchando-o pelo caminho, até que a parou ligeiramente, levando a caneta preta que tinha em posse aos lábios, deixando-a lá, enquanto mirava o papel pensativo, encostando-se ligeiramente à corrente de metal que o sustentava.

Apesar de se encontrar na rua, os seus olhos estavam rodeados pelo breu da noite, sem nunca afogar a claridade das suas íris. A fluente negra que caía pelos seus ombros acompanhava a oscilação do seu corpo, batendo suavemente contra o seu casaco fechado, as mangas enormes dobradas, o zipper que usualmente as fecha completamente aberto. Levou a mão ao bloco, escrevinhando algo, um tímido sorriso espreitando pelos seus lábios.

Vê-lo fez Mel sorrir. Parou por algum tempo enquanto o observava, retomando o passo silenciosamente, para não chamar a sua atenção e nem quebrar a sua concentração. Dando a volta ao parque, entrou por uma pequena portinhola que se encontrava aberta, andando até se encontrar mesmo por trás de Bill.

- Queres que te empurre? – perguntou, rindo-se.

O jovem olhou para trás, arregalando os seus surpresos olhos claros quando viu Mel, mas sorrindo afavelmente logo depois. A rapariga sentou-se no baloiço livre, segurando com as duas mãos nas correntes do mesmo. Apercebeu-se do movimento subtil que Bill fez quando fechou o bloco, segurando nele quase como se o quisesse esconder, mas decidiu ignorá-lo.

- Deixa-me dizer-te Bill Kaulitz, que encontras lugares deveras interessantes para estar sozinho – disse Mel, começando ela a baloiçar levemente, em contraste com Bill, que tinha parado. Ele riu-se com o comentário, olhando para os negros olhos que o fitavam.

- É relaxante estar aqui. Não achas? – inquiriu, recebendo como resposta um aceno. Mel inclinou a cabeça para o lado, como que esperando que Bill explicasse por que tinha desaparecido todo o dia. Vendo que tal justificação não chegava, resolveu ela mesmo perguntar.

- Porque é que desapareceste sem dizer nada a ninguém? O Tom e eu estivemos o dia todo à tua procura e...

- O Tom? – interrompeu-a ele. – Ah, já percebi por que estás de boné.

Mel olhou para cima, levando uma mão à cabeça como reflexo. Viu Bill sorrir, mas decidiu não fazer o mesmo, pois ainda estava à procura de respostas.

- Podias ter ao menos avisado. Eu estava preocupada contigo – confessou suspirando, parando de baloiçar logo depois, observando a relva por baixo dos seus pés. Sentiu uma mão fria pousar no seu rosto, fazendo-o desprender-se do chão e voltar a fitar as orbes de Bill.

- Desculpa – disse baixo -, mas precisava mesmo de fazer uma coisa, e para isso precisava de estar sozinho. Não volta a acontecer, a sério.

A rapariga fitou-o por algum tempo, sem dizer nada, até que finalmente falou.

- Prometes? – perguntou Mel, erguendo a sua mão, esticando o seu pequeno dedo mindinho, esperando pelo outro que completaria aquela infantil promessa. Ao ver o dedo da rapariga, Bill não conseguiu evitar rir-se, fazendo com que ela também o fizesse. Retirou a sua mão, já quente devido ao calor corporal de Mel, da sua face e esticou também o seu dedo, ostentando uma unha preta e branca. Entrelaçou-o em roda do da rapariga.

- Prometo – sussurrou, abrindo depois a sua mão, envolvendo-a à volta da de Mel, pousando as duas no colo dela, apertando-a ligeiramente. Os dois pares de olhos fitavam aquela recente união, um silêncio acolhedor caído sob os seus ombros.

Levantou-se uma rajada de vento, que arrastou consigo algumas folhas de árvores circundantes, assim como alguns papéis que se encontravam previamente no chão sujo da rua. Aquele movimento fez com que Mel se lembrasse de algo, à medida que a sua mão livre percorreu o bolso do seu pullover, agarrando no pedaço azul que lá se encontrava. Puxou-o para fora, sentindo o olhar de Bill preso aos seus movimentos. Virou-se para ele, mostrando-lhe o bilhete que tinha encontrado na sua cómoda de manhã.

- Explica-me lá o p.s., porque eu não o percebi – pediu, pousando o papel anil ao lado das mãos entrelaçadas deles.

- Adormeceste ontem. Tive de te levar para o teu quarto – respondeu Bill, sorrindo divertido ao ver Mel corar. Ela pegou novamente na mensagem, observando-a e depois rindo-se, à medida que a voltou a guardar.

- Acho que está na hora de voltarmos para lá, não? – perguntou, torcendo o nariz logo a seguir. – Ok, isto soou mal...

Riram-se os dois.

- Não faz mal, eu percebi – tranquilizou-a, levantando-se logo a seguir, fazendo com que Mel fizesse o mesmo. – Também acho que está na hora de voltar ao hotel.

Quando Bill ia começar a andar, tendo em mente regressar, lembrou-se de que ainda estava a dar a mão a Mel. Olhou para ela, corando ligeiramente e balbuciando qualquer coisa inaudível, à medida que a sua mão livre coçava a sua cabeça, num gesto nervoso. A jovem riu-se com a atrapalhação dele, e começou a andar um pouco mais à sua frente, puxando-o por aquele elo que os ligava. Bill acompanhou-a sorrindo, vendo-a sempre diante de si, abrindo caminho até à saída do parque.

- Espera – pediu ele, quando viu que ela se dirigia de volta à rua principal -, vamos por um atalho.

Foi a sua vez de a puxar, levando-a por um caminho invisível ao olho menos atento que se encontrava no meio de duas casas perto do parque. Passaram por ele, as mãos sempre entrelaçadas, Mel confiando no passo de Bill, que os levou directamente a um passeio bastante amplo e iluminado, com vários canteiros floridos dispostos esteticamente e uma considerável fonte jorrando água, quase como que querendo tocar o céu nocturno.

- Por estranho que pareça, isto está sempre vazio – explicou Bill, vendo que Mel tinha aberto a boca, provavelmente para perguntar por que não se via ninguém. – Por isso é que vim sem sequer me tentar camuflar.

Sorriu ao ver o olhar de Mel absorver aquela simples beleza que os rodeava, antes de ele pousar novamente numa beleza que se encontrava mais próxima dela. Começaram a andar novamente, desta vez um pouco mais perto e mais vagarosamente, aproveitando cada segundo da companhia um do outro.

A mão de Mel então moveu-se, passando por trás das costas de Bill, aparecendo timidamente do outro lado. Enfiou-a no bolso aberto do casaco dele, fazendo assim com que ela aquecesse dentro daquele pequeno sanctuário. Encostou a sua cabeça ao seu peito, sentindo-o fazer o mesmo que ela, a mão de Bill agora repousando na sua cintura.

Apercebeu-se então de um calor que também tinha invadido o bolso, e sentiu os dedos de Bill abraçarem os seus por dentro daquele esconderijo. Sorriu com aquele movimento, afagando-os amorosamente longe do olhar de todos.

--
As nossas mãos secretamente unidas
Dentro do teu bolso
É para que mais ninguém saiba.
Secretamente, o nosso amor aprofundou-se.
--


Caminhavam conversando calmamente, quase sussurrando, como que querendo manter aquele momento apenas para eles. Deixando cada vez mais para trás o pequeno parque onde tinham estado momentos antes, andavam com lentidão, tentando fazer com que aquela noite nunca mais acabasse ou, pelo menos, acabasse perfeitamente.

--
Os meus sentimentos
Não conhecem coisas tal como a mudança.
Sempre pensei ternamente em ti.
Secretamente, o meu amor aprofunda-se.
--


Poder-se-ia dizer que, dentro daquele bolso, corriam as mais silenciosas confissões de amor, as duas mãos acariciando-se mutuamente, aquecendo-se na noite gradualmente mais fria, quase que como a prova viva de que, nestas situações, palavras não são necessárias.

--
Não quero ser o teu pesado fardo,
Vou aquecer aquela tua mão,
Porque estarei sempre ao teu lado.
--


- Sabes – começou Mel, olhando em frente para as traseiras do hotel que já despontavam no horizonte, aconchegando-se ao seu par -, não me importo de ter de ficar atrás de ti se a minha recompensa for sempre assim tão boa...

Bill riu-se, caminhando devagar, também ele observando o edifício infelizmente cada vez mais perto.

- Acho que, mesmo que eu não desapareça, devíamos fazer isto mais vezes. Não achas?

--
A partir de agora, começando novamente,
Vamos andar juntos outra vez,
Vamo-nos tornar um par amoroso.
--


- Não podia concordar mais – respondeu, parando quando chegaram ao seu destino final. No entanto, permaneceram algum tempo ali, silenciosos, mirando o edifício em frente a eles. Bill começou então a andar, soltando-se daquele abraço que os tinha acompanhado até ali. Ao ver que Mel permanecia no mesmo lugar, virou-se, observando-a curiosamente. Sorrindo, voltou para trás, pegando nas duas mãos agora livres dela.

- Vamos, o resto do mundo espera-nos – informou, rindo-se levemente. – Vamos enfrentá-lo juntos, sim?

Olhando nos seus olhos claros, Mel inspirou profundamente, sorrindo.

- Claro. Vamos juntos.

--
És quem mais amo neste mundo.
Por isso, não acredito que me perderei
Dentro deste bolso.
Porque estarei sempre ao teu lado,
Estarei sempre ao teu lado.
--

---


EDIT: Esqueci-me de avisar uma coisa. xD
Os coises em itálico são a tradução de uma música japonesa - Pocket, da Otsuka Ai.
Para saberem o que aquilo era. xD


Última edição por em Dom Jan 06, 2008 1:16 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSex Jan 04, 2008 12:35 am

"Empurrar alguém desconhecido no baloiço"
engraçado que essa é a minha melhor memória de infânciaa xD

aquela cena dos bolsos....fogo descreveste-a tão bem. como gestos tão pequenos como esses marcam tanto uma pessoa ? :s
essa parte foi simplesmente linda. amei ! :')

continua... tá ...simplesmente linda !
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSex Jan 04, 2008 12:45 am

*__________*

Sis..

As tuas fics são aqela perfeiçao perfeita pah.
Mas esta tá lindissimamente perfeita.

E este cap deve ser um dos melhores de sempre.
Adorei a parte dos bolsos e eles timidamente.

Aww..
Derreto-me cm o qe escreves ^^
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Jan 05, 2008 5:44 pm

A Perfeição de Capitulo!

A Buffy amou e chorou AHAHAH!

Quero mais se faz favor ^^
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' araS .

' araS .


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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSeg Jan 07, 2008 9:08 pm

isto é ler num fórum e ler novamente noutro ! *___*
melhor não há : D

parceira, amo-te <3 *
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeQui Jan 10, 2008 1:00 am

.....
É assim a certa altura as pessoas ficam com falta de palavras fantásticas para dar á tua fic... a palavra fantabulástico pareceu-me bem. Mas por razões que eu não vou citar eu vou repetir a Viki com um acrescento.

A tua fic é perfeita e mais que perfeitamente perfeita...

É tudo o que eu tenho a dizer...
=3
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Fev 17, 2008 3:09 pm

' araS . escreveu:
isto é ler num fórum e ler novamente noutro ! *___*
melhor não há : D

parceira, amo-te <3 *

Ela disse tudo! xD

Gosto muitissimo de si <333
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSeg Mar 24, 2008 6:46 pm

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Capítulo XIV: “Dúvidas”


Fitou o movimento da multidão mais abaixo da sua janela escondida, sem realmente a observar com afinco. Via os passos apressados de quem saía àquela hora do emprego, pressa essa associada ao desejo de chegar ao doce lar sem mais demoras. Do mesmo modo, bicicletas montadas por pessoas de todas as idades passavam velozes, ultrapassando a grande fila de carros parados no trânsito.

Ao fundo do horizonte, o Sol começava a desaparecer, espalhando traços laranjas e amarelos pelo céu quase isento de nuvens, atingindo ao mesmo tempo o mundo com aquelas cores vivas que prenunciavam a morte do dia. Um bando de pássaros pretos passou então rente a uma das poucas nuvens, o negro contrastando fortemente com a brancura.

Mel levantou-se da cadeira onde tinha estado sentada todo aquele tempo, pegando nas suaves cortinas cor-de-vinho, estendendo os braços para as abrir, deixando a última claridade do dia penetrar no seu quarto. Abriu a janela, deixando o vento penetrar o compartimento, ao mesmo tempo que brincava com os seus cabelos negros, jogando-os para trás.

Pegou num copo de água que se encontrava por cima do mini-frigorífico e dirigiu-se à janela, espreitando o ainda presente frenesim. Bebericou suavemente, antes de o pousar novamente e se dirigir à mesa de cabeceira. Puxou o telefone para si, marcando rapidamente um número já seu conhecido. Andou um pouco com ele encostado ao ouvido, enquanto esperava pacientemente que a outra pessoa atendesse.

- Estou?

Ouviu aquela sua voz tão conhecida e não conseguiu evitar curvar os seus lábios num sorriso.

- Jen? Sou eu – disse casualmente, quase que escondendo a intensa alegria que sentia.

- Mel? És mesmo tu? – perguntou Jen do outro lado da linha. Mel, por sua vez, andava cada vez mais rápido pelo quarto do hotel para libertar um pouco da adrenalina que tinha.

- Hum, hum. Como estás? – retrucou a morena, decidindo sentar-se por momentos na sua cama perfeitamente arrumada.

- Estou óptima. Ainda bem que ligaste, já andava há muito tempo sem notícias tuas. Está tudo bem? Sentes-te bem aí?- Notava-se preocupação na sua voz, o que fez com que o sorriso de Mel se abrisse ainda mais. Sentia saudades dos tempos em que vivia longe de Berlim e da simplicidade com que o fazia. Apenas as duas, sem grandes preocupações, nem grandes luxos.

- Sim, está tudo muito bem. Sabes que era isto que queria e, por incrível que pareça, acabou por se tornar ainda melhor do que estava à espera – respondeu, encaracolando uma mecha de cabelo com o dedo. – Acreditas que eles não são nada como os imaginava? São espectaculares.

- Fico feliz por ouvir isso. Mas já estava à espera – riu-se. – Se eles não fossem minimamente aceitáveis, acabarias por te fartar. E não ias aguentar ficar aí todo este tempo.

Sorriu com estas palavras de quem a conhecia bem. Voltou a levantar-se, sempre conversando. Contou tudo o que se tinha passado com ela desde que saíra da sua cidade-natal, há mais de meio ano atrás; de como tinha chegado a Berlim e se tinha deparado com o estúdio de gravação, onde passara imenso tempo a aperfeiçoar aquela música que guardava solenemente na sua memória; de como numa noite fria de Inverno descobrira que a banda sabia que os tratava com falsidade e de como as suas lágrimas haviam rolado pela sua face enquanto uma cortina de neve quase a atingia, só não o fazendo devido à protecção de Bill; de como tinha mudado a sua atitude e, agora, os quatro rapazes preenchiam o vazio que sentia desde que se mudara; de como procurara o rapaz desaparecido e o encontrara sozinho num parque infantil com a mente vagueando para longe, e de como o regresso fora unicamente perfeito.

Em suma, de como aqueles meses nunca seriam apagados da sua memória.

O outro lado da linha escutava em silêncio, soltando ocasionalmente pequenas interjeições. Quando Mel finalmente acabou o seu discurso, já havia dado imensas voltas ao quarto e, como se encontrava algo cansada, dirigiu-se à janela aberta, respirando fundo o ar que provinha da rua. Ouviu o riso de Jen ecoar nos seus ouvidos à medida que apoiava os seus cotovelos no parapeito branco e se inclinava para fora do quarto.

- Parece que estás a viver um sonho... – afirmou, ainda a rir-se. – E esse sonho até tem direito a príncipe encantado.

- Hum? O que queres dizer com isso? – inquiriu Mel, mostrando que não tinha percebido a pergunta.

- Pela maneira como falas desse Bill, vê-se mesmo que estás apanhadinha por ele. E, pelas acções dele, vê-se claramente que o sentimento é recíproco – afirmou num tom de certeza, abalando ligeiramente a receptora daquelas palavras.

- Achas mesmo? – retrucou Mel, virando-se e apoiando, desta vez, os seus cotovelos no parapeito. – Às vezes parece-me que sim, mas depois ele desaparece sem sequer me dar uma satisfação...

Suspirou profundamente, tombando a cabeça para trás, de modo a que conseguisse observar o céu, desta vez já em tons escuríssimos de azul. Lembrou-se de como já tinha partilhado o mesmo céu com o seu suposto príncipe alguns andares acima daquele mesmo prédio, e da conversa algo profunda que tinha tido naquela noite.

- Acho não, tenho a certeza. Ainda ninguém se apercebeu?

- Hum... Provavelmente, sim. O Tom já me tinha falado nisso... – divagou, voltando a virar-se para a sua primeira posição. Observou a rua abaixo, desta vez muito mais calma, pensando acerca das suas dúvidas.

- Eu se fosse a vocês conversava sobre isso o mais rápido possível. Para quê desperdiçar tempo?

- Sim... Se apenas o Bill desse o primeiro passo... Talvez fosse mais fácil – especulou a morena, suspirando logo depois. – Mas ninguém disse que tudo é perfeito, não é? – acrescentou, rindo-se.

- Um dia há-de ser, de certeza – respondeu Jen. Ouviu-se por trás o som de chaves rodando na fechadura, e de uma porta batendo. – O John chegou.

- Quem?

- Depois conto-te – prometeu, rindo-se ligeiramente. – Adeus, fica bem.

- Sim...

Desligou o telefone, levando a mão à sua orelha esquerda, que se devia encontrar algo vermelha. Deixou-se ficar pela janela, fitando os poucos carros que teimavam em povoar a estrada, apreciando a brisa suave que corria naquela noite.

Matutava acerca das palavras ditas pela sua amiga, pensando que se calhar devia ser ela a primeira a enfrentar Bill, já que ele parecia algo incerto e imprevisível. No entanto, sabia melhor do que ninguém que não o conseguiria fazer. O medo de poder, eventualmente, ser rejeitada era superior ao desejo de o enfrentar. Suspirou mais uma vez, preparando-se para voltar a entrar e fechar a janela.

Porém, os seus ouvidos captaram um pequeno ruído vindo da janela do quarto ao lado. Esticou-se ligeiramente para tentar perceber o que se passava, o seu interesse redobrado quando verificou que aquela janela pertencia ao quarto de Bill. Por momentos, tudo voltou ao normal.
E, de repente, a janela abriu-se, saindo de lá uma cabeleira preta e branca bem sua conhecida.

Mel saltou de surpresa ao ver Bill aparecer tão repentinamente da janela vizinha, levando a mão ao peito devido ao susto. Precisamente quando ia começar a falar, ele interrompeu-a:

- Às vinte e uma horas, desce. Quero mostrar-te uma coisa. Ah, e sai da janela.

Com isto dito, voltou a enfiar-se dentro do quarto, deixando Mel completamente embasbacada a olhar para o local que tinha ocupado segundos antes. Piscou os olhos várias vezes, tentando absorver aquela fresca informação, à medida que ouvia os passos de Bill ecoarem pelo corredor, antes de entrarem no elevador e desvanecerem-se. Passados poucos minutos, viu-o surgir por baixo de si, acabado de sair do hotel. O seu olhar virou-se para cima e cruzou-se com o seu, seguido logo depois pela sua voz.

- Ei, ei! Eu disse-te para saíres da janela!

Vendo que ela continuava tão ou mais confusa que antes, riu-se suavemente. Pondo as mãos em volta da boca para a sua voz chegar intacta até ela, ignorando por completo os olhares curiosos de quem passava, acrescentou:

- Confia em mim!

E somou àquele pedido um simples piscar de olhos.

Mel não conseguiu evitar rir-se face à cena que tinha mais abaixo de si. Bill moveu as mãos como pedindo para ela voltar para dentro, ao que ela assentiu contra a sua vontade. Recuou devagar, sendo que o último vislumbre que teve de Bill correspondeu a uma posição de impaciência, já que as suas mãos se encontravam na sua cintura e o seu pé batia ritmadamente no chão.

Fechou a janela, aproveitando para lançar um último olhar à rua. Viu Bill aproximar as mãos, simulando um fecho de cortinas, que logo a seguir imitou. Permaneceu algum tempo a olhar para o vermelho delas, absorta em pensamento. Logo depois, recuou em direcção à cama, caindo de costas em cima dela.

Mal podia esperar pelas vinte e uma horas.

---


Antepenúltimo capítulo. ^-^
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Mar 29, 2008 1:43 am

Capítulo XV: “Certeza”
Parte I


Orbes negras fitavam impacientemente o relógio pousado na mesa de cabeceira, dígitos vermelhos brilhando na escuridão do quarto enegrecido. A forte luz do luar não penetrava nele, bloqueado pelas cortinas vermelhas corridas há um par de horas atrás por imposição de quem iria encontrar dentro de poucos minutos. A respiração da única pessoa presente naquele compartimento encontrava-se ritmada, soando só no silêncio profundo.

Subitamente, essa pessoa ergueu-se, impelida pela mudança registada no objecto que fitava, que marcava agora as vinte e uma horas em ponto. Num movimento rápido, pegou no casaco preto que permanecia ao seu lado, vestindo-o enquanto se dirigia em passos largos para a porta. Abriu-a de rompante, correndo em direcção ao elevador, mas ignorando-o e ultrapassando-o, preferindo as escadas. Galgou-as, saltando vários degraus, até se encontrar finalmente na entrada do hotel.

Saiu do edifício, surpreendendo-se com a ausência de frio daquela noite. Olhou para cima, observando a redonda Lua cheia, cuja luz se misturava harmoniosamente com a dos candeeiros que iluminavam a rua. Mirou o ambiente à sua volta, algo perdida pois não sabia qual era o próximo passo. A rapariga suspirou levemente, olhando para todos os lados procurando por Bill; no entanto, a sua busca foi em vão. Porém, quando os seus olhos negros pousaram na entrada do hotel, apercebeu-se da existência de uma pedra branca que tinha ultrapassado ao sair.

Aproximou-se dela, agachando-se para a apanhar. Era um simples mineral alvo mais pequeno do que a mão que o segurava para melhor o poder examinar. Voltou à posição erecta, tentando perceber o porquê de ela estar ali. Nesse mesmo instante, reparou noutra pedra exactamente igual à que tinha em posse do outro lado da rua. Ergueu uma sobrancelha, pensativa.

“Um caminho?”

Resolveu atravessar a via, agachando-se novamente para apanhar a segunda pedra que vira. As duas reluziam pousadas perto de si, à medida que Mel tentava entender aquela espécie de jogo. Os seus cachos pretos balançavam com os seus movimentos frenéticos, até que notou noutra brancura similar às que já tinha visto, desta vez perto da esquina da rua em que se encontrava.

Seguiu caminho, guiada por aqueles estranhos sinais, cada vez mais certa de que Bill era, no mínimo, um alguém um pouco extravagante. Começou-se a habituar ao jogo, sendo cada vez mais rápida a identificar o próximo local para onde se devia dirigir. Passado algum tempo, já nem apanhava as pedras pois, de outro modo, as suas duas mãos já estariam completamente ocupadas.

Estava a afastar-se cada vez mais do centro da cidade, e os prédios altos que anteriormente a rodeavam transformaram-se nuns mais baixos e em grandes vivendas. Aquele ambiente lembrava-a um pouco do parque em que tinha encontrado Bill poucos dias antes, mas apercebeu-se que o caminho era extremamente diferente. Na verdade, não fazia ideia para onde se estava a dirigir, confiando cegamente nas alvas pedras que ele havia deixado para si.

- Surpreende-me, Bill... – sussurrou, enquanto ultrapassava outro sinal alvo, percorrendo o passeio que ele indicava. Parou perto de um semáforo, esperando pela luz verde, enquanto escrutinava o caminho, sempre atenta a possíveis novos sinais. Quando finalmente atravessou a estrada, reparou numa grande placa indicando alguns nomes de ruas. Por cima, podia-se ler “Reserva Natural” e, por obra do destino, as pedras seguintes seguiam o mesmo sentido daquela grande seta.

“Reserva...?” – questionou-se, caminhando mais um pouco. Àquela hora via-se pouca gente a andar a pé, pois já se passara pelo menos uma hora e meia desde que saíra do hotel. Apenas alguns carros apareciam ocasionalmente, arrastando algum vento com eles. Isso, aliado ao facto de estar numa zona bastante calma, tornava as ruas por que passava algo desertas. Os seus passos apressados chegavam aos seus ouvidos intactos, já que, à excepção do vento calmo, nada mais fazia barulho.

Ao virar de uma esquina, reparou prontamente num vasto espaço protegido por um alto muro, acima do qual se notavam frondosos ramos que ondulavam ao sabor do vento. Mel aproximou-se do imponente portão, aparentemente a única forma de entrar naquela reserva que vira anunciada na placa. Os seus olhos voltaram-se para o chão, e reparou que havia lá uma outra pedra e, provavelmente, a última que perseguiria naquela noite.

Voltou-se, procurando pela razão por que fora até tão longe. Vendo que não havia sinal de Bill, resolveu sentar-se em frente ao portão, para tornar a sua espera menos cansativa. As suas orbes negras focaram-se então na reserva, que podia ver através da grade. Fitou-a atónita, absorvendo calmamente aquela beleza com que se deparara. Frondosas árvores misturavam-se aleatoriamente sem perderem a estética, havendo apenas um carreiro de terra que liderava o caminho a quem se queria aventurar ali. Os seus ouvidos conseguiam captar o suave sussurrar de grilos e cigarras, que enchiam o ar com sons frágeis. Mel fechou os olhos, aproveitando para melhor reter aquela experiência no mínimo relaxante.

- Bu.

A jovem saltou de susto, levando a mão ao peito reflexamente. O seu olhar focou-se rapidamente na fonte daquele barulho que, apesar de ser pequeno, era grande o suficiente para a exaltar naquela noite quase isenta de sons. Encontrou risonhas íris castanhas, que reflectiam extremamente bem o estado de espírito do seu dono. Semicerrou os olhos ligeiramente irritada com o jovem que se ria do susto que lhe havia pregado.

- Assustas-te com pouco, Mel! – exclamou Bill, que se tornara agora visível, despontando do outro lado do portão fechado. O seu corpo havia estado escondido todo aquele tempo, pois permanecera encostado ao muro, escapando assim do olhar de Mel, que o observava através da grade.

Os seus lábios estavam curvados num sorriso simples, resultado do riso que soltara momentos antes. Tinha um gorro preto enfiado até às orelhas, tapando-as totalmente, abaixo do qual os seus cabelos negros apareciam. Estava vestido de uma maneira mais básica do que o usual, porém a maquilhagem que o identificava permanecia presente, rodeando os seus olhos claros como de costume.

- Não tem graça. Assustaste-me – reclamou Mel, revirando os olhos, não querendo mostrar que a sua irritação momentânea já tinha passado e que começava a achar alguma piada à situação.

- Pronto, desculpa, desculpa – defendeu-se Bill, levantando as mãos em sinal de arrependimento. Ainda sorria com aquele seu riso contagioso, a que Mel não conseguiu resistir imitar. – Demoraste mais tempo do que estava à espera.

- Não é exactamente fácil ver pedras à noite, Bill – disse Mel, revirando os olhos e cruzando os braços à altura do peito em posição defensiva. – Mas esqueçamos isso; como exactamente é que estás desse lado?

O jovem andou ligeiramente para a direita, pousando a sua mão num tijolo daquela grande protecção que os separava.

- Vê aí desse lado. Não há fendas no muro?

O olhar negro de Mel mudou de alvo, fitando agora o muro em frente a si. Reparou em quase imperceptíveis fendas devido a uma pequena erosão que tinha acontecido aos tijolos. Dava para usá-las como uma escada improvisada, caso se quisesse dar uma simples volta à reserva fora de horas.

- E estás à espera que eu suba por aqui? – perguntou incrédula, passando a mão pelo muro para melhor o sentir.

- Sim, é mais ou menos isso – respondeu, ainda sorrindo. – Eu ajudo-te a descer, já que estou deste lado. Assim não te magoas.

- Bill... – começou Mel, aparecendo novamente em frente ao portão, passando a mão pela face quase em sinal de desespero. – Já viste o que tenho vestido?

O jovem soltou os olhos da rapariga para melhor ver o que a ornava. Nessa noite, tinha posto uma quente camisola azul de mangas compridas que lhe assentava bastante bem, complementada por um longo fio da mesma cor que parava mesmo em frente ao seu umbigo tapado. Os seus pés estavam cobertos por botas compridas pretas, ligeiramente altas para compensar a pouca altura que tinha.

E, cobrindo desde a sua fina cintura até os seus joelhos, estava uma saia.

- Ah... – disse Bill, corando ligeiramente, coçando a cabeça em sinal de embaraço. – Isto não estava nos meus planos.

Mel revirou os olhos, não conseguindo deixar de achar a situação algo divertida. Dirigiu-se ao muro, alternando os seus passos e começando a trepar por ele, sem chegar ao topo.

- Agora, olha para o outro lado – ordenou, observando Bill da alta posição em que se encontrava.

- Tens a certeza que não vais cair? – inquiriu em tom preocupado, andando um pouco na sua direcção.

- Sim, sim. Vira-te! – mandou, apontando com o dedo para o lado contrário de onde se encontrava. Bill obedeceu, apesar de ela poder ouvir os seus resmungos que consistiam basicamente em variações de “Depois não digas que não te avisei” e “Deves pensar que sou como o meu irmão”.

Ignorando todos aqueles irritantes sons, continuou a sua escalada, certificando-se sempre que a fenda onde pousava o seu pé se encontrava estável. Alcançou o topo num ápice, pondo uma perna de cada lado do muro. Observou o chão relvado que tinha por baixo de si, e engoliu em seco ao ver que era mais alto do que estava à espera. Averiguou novamente se o olhar de Bill ainda fitava o lado que devia, antes de colocar as duas pernas do lado interno do muro. Virou-se com dificuldade, tendo como único apoio as suas próprias mãos. Quando ia iniciar a descida, um imprevisível deslize fez com que uma das suas mãos escorregasse, perdendo assim um dos seus suportes. Lançou um grito à medida que caía do topo do muro para o chão, parecendo não haver outro fim possível que não pelo menos um ferimento.

No entanto, para sua surpresa, aterrou em cima de um corpo quente.

Já tinha atingido o solo, apesar de se encontrar por cima de Bill. Este, ao ouvir o seu grito, virara-se e correra ao encontro dela, amortecendo assim a sua queda e permitindo que se encontrasse isenta de dores. Estava por debaixo dela, e uma das suas mãos massajava a sua cabeça coberta por cabelos pretos. Suspirou, abrindo os olhos e fitando-a com um olhar de preocupação.

- Estás bem? – perguntou a Mel, que permanecia no topo, agora com os braços esticados ao lado dele para se poder erguer de forma a poder encontrar os seus olhos.

- Bill... – disse, piscando várias vezes para se aperceber do que tinha acontecido. Quando o conseguiu, os seus olhos semicerraram-se violentamente, fazendo com os de Bill se dilatassem de surpresa. – Por acaso, viste o que não devias?

Viu as faces dele tornarem-se rosadas, à medida que pigarreou, olhando de lado e dizendo simplesmente:

- Não.

- Mentiroso! – exclamou Mel, dando-lhe um murro amigável no peito. Começaram-se os dois a rir, e Mel apoiou-se nas pernas de Bill, de forma a que os dois conseguissem estar sentados. A jovem pôs os braços à sua volta, como que se protegendo de alguma coisa. – Ah, sinto-me violada!

- Se serve de consolo, eram muito giras. Se bem que pensei que usasses algo mais atrevido – disse Bill com uma expressão pensativa. Mel fitou-o chocada, mas logo a seguir começou-se a rir.

- Não me digas que o Senhor Romântico também pensa em roupa interior feminina – pediu a jovem, levando as mãos à boca simulando uma enorme surpresa. – Espera até contar às tuas fãs!

- Ei, sou romântico mas não deixo de ser homem – reclamou, pegando suavemente na bochecha dela. Sorriram os dois em simultâneo, e um agradável silêncio encobriu-os. Os dois pares de olhos fixavam-se continuamente, sendo que os únicos sons que se ouviam eram os dos pequenos animais da reserva e os assobios do vento, que se tinha tornado mais forte. O céu ainda se encontrava isento de nuvens, pelo que o luar banhava facilmente o par, envolvendo-os ternamente com a sua luz.

A mão de Bill moveu-se, começando a compor o cabelo de Mel, que se tinha despenteado um pouco com a queda. Ela apenas sentia o seu calor sem nada dizer, acabando por fechar os seus olhos em deleite pelo ingénuo carinho que ele lhe proporcionava. Correu então um dedo pela face da jovem, arrepiando-a levemente com o seu morno toque. Voltou a levantar as suas finas pálpebras, fitando as íris castanhas do rapaz, que a olhava amorosamente. Passou então a sua mão pelo pequeno pescoço dela, puxando-a num movimento rápido para si.

- Vem comigo – sussurrou ao seu ouvido, usando a sua mão livre para agarrar o pulso dela. Levantou-se num ápice, obrigando-a a copiar o seu movimento, à medida que começavam a caminhar pelo carreiro que observara do lado de fora. Andavam calmamente lado a lado, as duas mãos ainda entrelaçadas, quase que como um adorável par amoroso. Iam penetrando cada vez mais na reserva e, por conseguinte, as árvores eram cada vez mais, começando já a bloquear alguma luz da Lua.

- A partir da próxima semana, os Tokio Hotel começam uma nova tour – informou Bill do nada, após alguns minutos de silêncio.

- Tour? – perguntou Mel, olhando para o alto acompanhante que tinha.

- Sim... – confirmou. – E tu vens connosco.

A jovem parou a meio do caminho, fazendo com que Bill também o fizesse, voltando-se para trás.

- Eu? – duvidou, apontando para si no processo. – Mas o contrato dizia que...

- Sim, eu sei – disse Bill, olhando para cima, antes de virar o seu olhar para ela. – Em princípio, este concurso serviria apenas para gravar uma música e um vídeo. Mas nós preferíamos que viesses em tour connosco. Podes ficar até quando quiseres. Isso, claro, se estiveres disposta a aturar-nos por tanto tempo.

Riu-se ligeiramente, caminhando um pouco para a frente. Mel permaneceu no mesmo sítio, ainda a tentar absorver aquelas palavras tão recentes. Então, Bill virou-se para trás, esticando a sua mão.

- Aceitas?

Olhou para aquela mão estendida e viu numa rajada tudo aquilo que ela já lhe havia proporcionado. Sabia que, se aceitasse, não se arrependeria nunca e, se não o fizesse, nunca se perdoaria por tal.

- Claro que sim – respondeu, aceitando a sua mão e abrindo o seu maior sorriso desde que pisara o solo de Berlim.

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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeSáb Mar 29, 2008 1:45 am

Antes de começarem a ler... Se quiserem ouvir alguma coisa de fundo, ouçam isto, por favor:

http://profile.imeem.com/Wi4NQ/music/QPEMGygv/rurouni_kenshin_her_most_beautiful_smile/

Ponham em repeat que é muito pequena para o comprimento da segunda parte. ^-^ Vá, podem continuar a ler, eu calo-me.

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Parte II


Já caminhavam há pelo menos um quarto de hora. Mel seguia Bill cegamente, guiada pela sua mão entrelaçada, à medida que penetravam cada vez mais na reserva. O luar já desistira de os acompanhar, sendo quase completamente bloqueado pelos ramos altos das árvores. A pouca luz que conseguia passar era a única fonte de iluminação que tinham disponível, já que não havia nem pequenos candeeiros a iluminar o caminho.

- Bill... – chamou a jovem pouco tempo depois, vendo que a caminhada parecia não ter fim. – Onde vamos?

- Já estamos perto – sossegou-a, sem tirar os olhos do carreiro. – Como já conheces quase todos os sítios para onde vou quando quero estar sozinho, achei que devias ver o último que te falta.

Mel olhou para ele, sem abrandar o passo, e sorriu. Apesar de já se encontrar um pouco cansada, a curiosidade que tinha cada vez crescia mais, e aquele clima misterioso só a fazia aumentar. Prosseguiram em silêncio, acompanhados apenas pelo sussurrar das folhas e as cantorias dos grilos.

Algum tempo depois, Bill parou, aproximando-se vagarosamente de uma enorme árvore que se destacava das outras por ter um grande corte no tronco. Tocou-a levemente, passando a sua mão por aquela fenda, sorrindo logo depois.

- Vem – pediu, puxando-a pela mão para dentro da reserva, abandonando assim o caminho que tinham seguido desde o princípio. Seguiu-o um pouco preocupada, pois, se se perdessem, não tinham nenhum ponto de referência por que voltar. Tentou chamá-lo e dizer-lhe o que sentia, mas ele simplesmente respondeu que já tinha feito aquele caminho tantas vezes que já sabia de cor como retornar ao carreiro.

Iam andando assim, contornando várias árvores e pisando a terra dura, agora quase no breu total, já que o luar, por mais que lutasse, não conseguia penetrar muito mais para os iluminar. Caminhavam novamente em silêncio e, se não fosse pelo calor que sentia na sua mão que a reconfortava, Mel sabia que estaria com medo. Passaram-se alguns minutos daquela estranha caminhada, até que o par conseguiu distinguir, um pouco mais à frente, a luz do luar despontando através de um campo aberto. Bill então parou, virando-se para ela.

- Pronta? – perguntou, ao que ela acenou prontamente. Apertou um pouco a mão dele, à medida que se aproximavam cada vez mais daquela luz. Tocou na última árvore por que passou, emergindo assim no último local secreto de Bill.

Levou a sua mão livre à boca, tentando encobrir o espanto que tomara conta de si. À sua frente estava um enorme campo isento de árvores, fazendo com que a luz da Lua finalmente chegasse até eles com todo o seu esplendor. O campo tinha mais ou menos uma forma circular e, na sua fronteira, poder-se-iam notar imponentes árvores que se moviam à mercê do vento, que pareciam querer proteger aquela beleza natural. Havia um pequeno morro que se erguia à sua direita, onde uma baixa árvore oferecia sombra a quem o escalasse. E, no meio de tudo aquilo, estava um vasto lago de águas límpidas que brilhavam reflectindo a luz alva que as atingiam, parecendo formar reluzentes cristais que valiam mais que qualquer pedra preciosa.

- É lindo... – balbuciou Mel, completamente sem reacção face àquele deslumbrante cenário. Bill, ao seu lado, simplesmente sorria, feliz por poder finalmente partilhar aquele lugar secreto com mais alguém. A jovem largou a sua mão por momentos, aproximando-se da borda do lago, agachando-se e fazendo uma concha com as mãos para apanhar um pouco da água que o enchia. Era completamente transparente, e Mel conseguia sentir um frio agradável tomar conta das suas mãos previamente quentes. Largou a água, passando as mãos pelos seus cabelos para as secar e erguendo-se novamente, sem deixar de mirar todo aquele paraíso à sua volta.

Deu meia volta para conseguir ver Bill. Este encontrava-se encostado a uma árvore, observando cada passo que ela dava com um grande sorriso nos lábios, demonstrando bastante júbilo por ela se ter enamorado tanto daquele sítio. Mel então correu até ele, abraçando-o de surpresa, encostando a sua face ao seu peito.

- Obrigada – agradeceu num sussurro, apertando-o amorosamente. Ouviu um suave riso vindo de cima de si, seguido logo depois por um pequeno beijo na sua cabeça. Bill então afastou-se ligeiramente sem a largar, de forma a que os seus olhos se pudessem voltar a encontrar.

- Não me agradeças ainda. Ainda não acabou – informou, ao que Mel respondeu abrindo os seus olhos negros devido à surpresa. O jovem compôs novamente o cabelo dela, voltando depois a pegar na sua pequena mão. Guiou-a até ao pequeno morro onde havia uma solitária árvore, observando então o lago por baixo deles. Mel encostou-se ao tronco e mirou a beleza sem fim onde se encontrava, ainda ligeiramente atordoada por ela.

Sentiu um pequeno movimento ao seu lado, à medida que Bill se deitava de barriga para cima no chão, colocando uma mão por baixo da cabeça. Resolveu imitá-lo, mas deitou-se na posição contrária para poder continuar a apreciar a ligeira ondulação do lago devido ao vento. Por alguns momentos, pareciam estar representados numa perfeita tela, já que quase nada se mexeu, e o belo enalteceu-se ainda mais. As únicas testemunhas de que aquele par tinha trepado o muro para se encontrar ali eram os animais nocturnos, e esses pareciam estar a colaborar para aquele encontro, não se manifestando a não ser por pequenos sons que, apesar de não poderem ser imortalizados naquela tela, eram imortalizados na memória dos dois.

Bill foi o primeiro a quebrar aquela ausência de movimento quando se virou para ficar na mesma posição que Mel. Estavam os dois mesmo à beira do morro, olhos postos na água e corações postos um no outro. A jovem esperava pelo que, segundo Bill, ainda faltava, cada vez mais curiosa em saber o que poderia aperfeiçoar ainda mais aquele local. No entanto, sentia uma curiosidade que, ao contrário da norma, não a exaltava mas sim acalmava.

Não queria apressar aquela noite por nada no mundo.

O rapaz então virou-se para ela, interrompendo os seus vagos pensamentos com um singelo pedido:

- Mel, pergunta-me o que estava a escrever quando me encontraste no parque.

Os seus olhos negros voltaram-se na sua direcção, algo surpresos. Na verdade, já há algum tempo que lhe queria perguntar aquilo, mas acabava sempre por desistir por achar que era algo que não lhe dizia respeito. No entanto, a sua curiosidade mantinha-se tão viva como sempre.

- O que é que estavas a escrever quando te encontrei no parque? – perguntou, atendendo ao pedido que lhe fora feito.

- Uma canção – respondeu, sorrindo logo depois. – Uma canção para ti.

- Para mim? – inquiriu num tom surpreso. Bill simplesmente acenou com a cabeça, rindo-se ligeiramente logo depois. Aquela resposta, em vez de a apaziguar como a norma, fê-la ficar ainda mais curiosa do que já estava. Ao perceber-se disso, o jovem continuou:

- Vais ouvi-la no nosso primeiro concerto – garantiu. – Está prometido.

Riu-se novamente, ao que Mel respondeu sorrindo. Ao contrário do que se esperaria, não iria pedir mais informações. Resolveu esperar e, assim, ter uma surpresa maior. Voltou o seu olhar para a frente, fechando os olhos para melhor sentir a suave brisa que passava. Bill fitava-a singelamente sem ela se aperceber, incapaz de observar a beleza que o rodeava quando tinha algo tão mais importante mais perto.

- Tens horas? – perguntou, quebrando o silêncio. Viu Mel olhar para o pulso esquerdo, fitando o pequeno relógio preto que o ornava.

- Duas e meia – respondeu, olhando para ele novamente com uma cara de quem, apesar das horas, não queria sair dali tão cedo.

- Está quase – disse simplesmente, erguendo-se de forma a estar sentado, apoiando as suas mãos por trás de si enquanto mirava o céu. Mel imitou-o, apesar de o seu olhar permanecer fixo em Bill. Encolheu uma das pernas, apoiando logo a seguir a sua cabeça no joelho. Passou-se algum tempo sem nada acontecer, até que o rapaz soltou o seu olhar da abóboda celeste e virou-o para a frente, mesmo depois de um pequeno zumbido se misturar ao cântico das cigarras. Mel observou-o curiosa e, quando ia começar a perguntar o que se passava, desistiu logo com o que viu.

Dezenas de pirilampos rodeavam-nos, emitindo uma fraca luz esverdeada que se misturava com a branca proveniente da Lua.

A jovem observava atónita o espectáculo que a cercava, sem outra reacção a não ser abrir a boca de espanto. Os pirilampos pareciam pequenos pontos que pairavam no ar circundante, emitindo luzes que se esvaíam aqui e ali, para logo depois voltarem a aparecer um pouco mais à frente. Os seus cachos pretos voltaram-se para trás, à medida que observava em êxtase o reflexo das luzes na água, que agora, além de cristais, parecia também possuir frágeis esmeraldas, que se dissolviam quando a brisa tocava afavelmente no lago.

A perfeição tinha acabado de ser aperfeiçoada.

Mel não sabia para onde se havia de voltar, querendo reter o máximo que conseguisse de tudo aquilo em seu redor. Observava extasiada toda aquela bela combinação, parecendo quase uma criança que abriu os olhos pela primeira vez, reparando que, afinal, havia tanto que ainda não tinha presenciado, e que o tempo era um obstáculo meramente ilusório quando se decide que o nosso maior sonho é ver todo o mundo.

Os seus movimentados olhos negros encontraram então outros castanhos e, reflexamente, deixaram-se repousar lá. Bill, assim como ela própria, estava rodeado daqueles pequenos seres, parecendo quase emitir uma luz pessoal. Reparou no seu sorriso, mais feliz do que sempre e, naquele momento, Mel viu-o como nunca o tinha visto.

Mais do que nunca, assemelhava-se sem falhas a um anjo.

Sentiu-se novamente presa ao seu olhar mas, desta vez, nada fez para se soltar. Os seus olhos claros tinham-se misturado com todas aquelas luzes circundantes formando uma cor algo irreal, que parecia penetrá-la como nunca nada o havia feito. Novamente, sentiu aquele dedo familiar percorrer o seu rosto, porém desta vez não fechou os seus olhos. Fitava-o com um olhar sério, com medo até de se mexer e quebrar aquele momento, apesar de o seu coração inocente não parar de bater. Viu-o começar a aproximar-se cada vez mais, e mordeu o seu lábio em reflexo, sem saber o que esperar.

- O que estás a fazer? – sussurrou quase imperceptivelmente, já que ele estava a meros centímetros de si. Aquela pergunta fê-lo parar, à medida que a fitava mais profundamente ainda. A sua resposta veio num igual sussurro, tão, tão perto, que podia sentir a sua respiração quente atingir o seu pescoço nu.

- A dar o primeiro passo para que tudo seja perfeito.

A distância entre os dois diminuía com cada segundo, até se tornar completamente nula. Os lábios de ambos entrelaçaram-se, e Mel, logo após escassos momentos, fechou as suas pálpebras, deixando-se levar por aquele forte sentimento. Pousou a sua mão na nuca dele, apertando-a ligeiramente à medida que aprofundava aquele tão ansiado beijo.

Sentia timidamente a pequena bola do seu piercing, mas não sentia o vento começar a abrandar, tornando-se numa brisa tão suave que movimentava apenas a calma água do lago. Sentia o calor de Bill perto de si como tanto ansiava, mas não ouvia o suave cântico que acompanhava o movimento das folhas das árvores tornar-se tão baixo como um pequeno sussurro ao ouvido. Sentia borboletas voando em êxtase no seu estômago, mas não via os pirilampos voando aleatoriamente à volta deles, quase que como presenciando aquele momento tão intenso.

No entanto, nem nos seus sonhos se sentia tão bem como quando ele a abraçava.

Começou a sentir Bill aprofundar ainda mais o seu carinho, puxando-a para si como que a protegendo do resto do mundo. Permaneceram assim os dois, alheios a tudo à sua volta, focados simplesmente naquele contacto, a mente completamente em branco. As únicas testemunhas daquele recôndito encontro eram os pirilampos, as cigarras e a Lua.

Até que, de repente, tudo ficou negro.

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AnaRita




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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitimeDom Mar 30, 2008 2:07 am

Dammit!
Se existe perfeição tu soubesses retrata.la perfeitamente!
Tirando a ultima frase...
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MensagemAssunto: Re: 'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!)   'Déjà Vu' ~ Epílogo (done!) - Página 2 Icon_minitime

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